![ronaldo caiado](http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15184344.jpeg)
� senador pelo DEM-GO.
Escreve aos s�bados,
a cada duas semanas.
N�o se governa com medo
A a��o intensiva dos grupos de press�o, que se autointitulam "movimentos sociais" –MST, MTST, CUT, UNE etc.–, evidencia a tentativa de preservar, na contram�o dos interesses da maioria absoluta da popula��o, a agenda pol�tica do governo anterior.
Get�lio Vargas dizia que "o tambor faz muito barulho, mas � oco por dentro". Referia-se exatamente � a��o de grupos como esses, que se arvoram em porta-vozes da sociedade, mas falam apenas em nome deles pr�prios. � preciso enfrent�-los.
Viveram at� aqui gra�as �s verbas governamentais; aparelharam a m�quina administrativa, impuseram suas prioridades e est�o determinados a criar um clima de ingovernabilidade. S�o tent�culos de um partido predador, que levou o pa�s � fal�ncia.
O governo Temer n�o pode ceder e disp�e de amplo lastro na sociedade –e no Congresso– para impugn�-los. Basta que n�o perca de vista a agenda das ruas, feche as torneiras das verbas p�blicas e reprima seus atos criminosos, submetendo-os � lei.
N�o basta que t�cnicos qualificados diagnostiquem a situa��o da economia e indiquem os rem�dios para que o pa�s saia da UTI. � preciso deixar claro que esses rem�dios, sem d�vida amargos, s�o para todos. � mais que justo o pedido de reajuste de funcion�rios p�blicos, mas o momento requer extrema cautela e n�o se mostra o ideal para isso.
Numa conjuntura de 11 milh�es de desempregados, � preciso atuar primeiramente para recuperar a economia e criar vagas de trabalho. O Brasil est� em queda livre. Os pacientes mais graves devem ser tratados, pois a crise recai ainda mais implac�vel sobre essas fam�lias que ficaram sem renda. Os brasileiros foram �s ruas exigir o impeachment da presidente Dilma, apoiar a Lava Jato, exigir a moralidade na vida p�blica.
Faz menos de uma semana que o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, informou que o deficit or�ament�rio n�o � o admitido pela presidente anterior, de R$ 96 bilh�es. � quase o dobro: R$ 170 bilh�es. Como encaixar a� um aumento que far� a folha de pagamentos do servi�o p�blico (ativos e inativos) saltar dos j� inimagin�veis R$ 255 bilh�es atuais para mais de R$ 300 bilh�es em quatro anos?
Com que discurso se explica isso? A autoridade de um governo –qualquer governo– depende de uma premissa b�sica: coer�ncia.
N�o h� como continuar cedendo �s press�es corporativistas. O aparelhamento da m�quina gerou situa��es absurdas, que precisam ser saneadas. Somente o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, dispunha de 1.400 funcion�rios comissionados.
Segundo o site Contas Abertas, cargos, fun��es de confian�a e gratifica��es, em julho de 2015, chegaram a 100.313. Representam 16% dos 618.466 mil servidores do Poder Executivo –mais de 7.000 apenas na Presid�ncia da Rep�blica. Se todos comparecem, n�o cabem no Pal�cio.
Para que se tenha uma base de compara��o, basta dizer que a Casa Branca tem 456 funcion�rios comissionados –e os servidores fora da carreira p�blica naquele pa�s s�o 8.000. Na Fran�a, s�o 4.800.
Esse � apenas um retrato superficial do aparelhamento, que submete o chefe do Executivo a press�es que o levam a gestos despropositados, como o de dar audi�ncia a um condenado a 32 anos de pris�o, em liberdade condicional (um absurdo!), Jos� Rainha, do MST, com reivindica��es de que se julga credor.
Uma coisa � recuar diante de um equ�voco, o que � louv�vel; outra � ceder a press�es de conte�do indefens�vel, na suposi��o de algum ganho pol�tico. Engano: nessas circunst�ncias, quanto mais se cede, mais se perde. N�o se governa com medo.
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