Robson Jesus

Viajante, empreendedor digital especializado em gestão de projetos e futuro recordista mundial ao visitar os 196 países do mundo

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Robson Jesus

Turcomenistão, o país monocromático

Pouquíssimo conhecido por nós brasileiros, é o lugar mais misterioso da Ásia Central

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Depois de 187 países visitados, se alguém me pergunta qual a experiência mais exótica que eu já tive, sem dúvida a resposta é o Turcomenistão.

Minha jornada começou na cidade de Cuchan, no Irã, cidade onde dormi na véspera da minha ida a Achkhabad, a capital do Turcomenistão. Logo na chegada, perguntei a recepcionista no hotel onde eu conseguiria um transporte até Bajgiran, a última antes da fronteira, porque gostaria de viajar no dia seguinte. Ela disse que iria verificar, e enquanto isso eu tentei dormir enquanto a minha ansiedade me dificultava pegar no sono.

Robson Jesus nas ruas de Achkhabad, capital do Turcomenistão, onde carros e prédios são sempre brancos
Robson Jesus nas ruas desertas de Achkhabad, capital do Turcomenistão, onde carros e prédios são sempre brancos - Folhapress

Às 6h da manhã, a funcionária bateu na porta no meu quarto para avisar que havia conseguido uma carona. Mas eu tinha que ir naquele momento. Não foi a primeira vez que tive que acordar em situações assim, aos pulos para sair. Lembrei inclusive de uma certa manhã no Afeganistão, mas em um contexto completamente diferente. Pois bem. Escovei os dentes, mochila já preparada, e em poucos minutos eu já estava cumprimentando a pessoa que me daria carona.

Durante o trajeto eu permanecia em silêncio, ainda acordando talvez, e apesar do motorista não ter me perguntado se estava tudo certo em relação ao visto, eu já tinha me precavido. Por ser um dos países mais fechados do mundo, não é fácil conseguir um visto turcomeno —que é concedido na fronteira, mediante uma carta convite. Quem pode emití-la são as agências de viagens credenciadas no Turcomenistão, que tem a obrigação de informar ao governo as datas da visita e os pontos de entrada e saída do país. O inesperado foi chá de cadeira de 6 horas para a emissão do meu visto.

Finalizei o processo imigratório, encontrei meu guia e seguimos viagem até a capital. Devido ao tempo esperando na fronteira, perdi a saída para o principal passeio do país, a "Porta para o Inferno", um campo de gás natural com uma cratera em chamas que queima desde 1971. É um dos lugares mais incríveis do Turcomenistão. Mas tudo bem. Fui aproveitar o pouco tempo que tinha no país porque meu visto era apenas de 2 dias.

Todos os passeios são agendados previamente com a autorização do governo, mas presenciar uma cidade-fantasma não fazia parte do meu checklist. Não tinha ninguém nas ruas de Achkhabad, nem outdoors, tampouco publicidade ao redor. O presidente do país colaborou para que o meu espanto fosse intensificado, ao proibir carros pretos. Deste modo, os carros, os prédios de mármore… toda uma cidade em branco. Aí está a sutil revelação da cor preferida do presidente.

Um ex-presidente também tinha uma obsessão por ganhar recordes do Guinness, e por isso buscou construir o maior número possível de edifícios de mármore branco. Tudo devido a riquezas do país, que tem uma das maiores reservas de gás do mundo.

Como amante de paisagens, visitei a Torre Turcomenistão, a estrutura mais alta do país. Nela é possível observar as paisagens naturais de Achkhabad. Fui também na maior roda gigante fechada do mundo, que chamou minha atenção pela ótima estrutura, que apesar de estar em perfeito funcionamento, não tinha ninguém além de mim brincando.

O Turquemenistão é, por várias razões, um país singular, fruto da desagregação da URSS e de um processo de democratização natimorto, sucedido por uma dinastia que veio dos círculos de poder já existentes. Evidentemente, não são dois dias de visto que me possibilitam um conhecimento profundo do país, mas deixo aqui algumas reflexões, meras curiosidades, fruto da minha curta experiência de viagem por esta nação tão peculiar.

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