Renato Terra

Roteirista e autor de “Diário da Dilma”. Dirigiu o documentário “Uma Noite em 67”.

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Abrace um bolsonarista arrependido e, se possível, faça um cafuné

Mesmo com carisma de uma meia branca, Joe Biden rompeu o transe coletivo que escolheu o ódio e a divisão como utopia

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Biden é o novo dia. De um novo tempo. Que começou.

Mesmo com o carisma de uma meia branca, Joe Biden rompeu o transe coletivo que escolheu a mentira, o ódio e a divisão como utopia.

Aqui no Brasil, muitos já despertaram do transe. Há bolsonaristas arrependidos nos quartéis, na política, na economia, na cultura e no seu grupo de família no WhatsApp.

As eleições municipais foram frustrantes para Russomannos, Crivellas, Wals do Açaí, Rogérias Bolsonaro. Nenhum candidato rasgou placa da Marielle. O discurso de "atirar na cabecinha" não soou irresistível. As acusações estapafúrdias de pedofilia para desacreditar adversários políticos foram rechaçadas.

Ilustração de silhueta de pessoa com cabelo afro e braços esticados para frente. Ela veste uma camiseta roxa com um coração amarelo no centro
Débora Gonzales

Numa campanha importante, de repercussão nacional, Guilherme Boulos trouxe leveza, diálogo, humor e união. A esquerda saiu do reativo "ele não" e chegou com ideias.

Por isso, neste final de ano, abrace um bolsonarista arrependido. Se possível, faça um cafuné.

Vamos iniciar um tempo de diálogo e afeto para trazer de volta a sanidade. É preciso que 2020 termine, de fato, no dia 31 de dezembro.

O bolsonarismo está minguando dia após dia. Vai ter gente, é claro, apoiando até o final. Mas também tem aqueles que, por teimosia, não querem dar o braço a torcer e precisam sentir um ambiente confortável para rever suas posições.

Espezinhar, apontar o dedo, desejar a morte e soltar o famoso "eu avisei" só reforça a polarização. É uma estratégia que favorece e alimenta o bolsonarismo e vai criar um cenário favorável para a reeleição.

Perdoar, além de ser bom, tem efeito positivo: forma uma base de eleitores que se sentem amparados para debater e formar uma segunda via.

Aceitar quem votou nos Bolsonaro e se arrependeu é uma coisa. Tolerar o bolsonarismo é outra.

Existe racismo no Brasil. Existe homofobia. Existe ciência de ponta no Brasil. O que não existe por aqui, ainda, é meritocracia. A Terra é redonda. Torturar é desumano. Armas de fogo não são o melhor caminho pra reduzir a violência. Bolsonaro não é de "fora do sistema". Rachadinha é corrupção. O bom jornalismo é fundamental. Vacina é uma coisa boa. Fake news são uma praga.

Trazer o debate para a normalidade é a melhor maneira de combater o bolsonarismo. O transe está passando.

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