� rep�rter especial. J� foi correspondente em Washington, Nova York, Pequim e Buenos Aires, e editor de 'Mercado'. Escreve aos domingos, a cada duas semanas.
Combust�vel para a guerra
Para cada brasileiro que comemora atentados terroristas nos Estados Unidos ou que torce pela Coreia do Norte contra os americanos, h� 50 brasileiros que escolheriam passar metade do ano na superpot�ncia fazendo compras, estudando, trabalhando ou at� mesmo assistindo a todas as s�ries poss�veis da TV americana.
Mas como esse brasileiro que acha que o mundo seria melhor se a Uni�o Sovi�tica tivesse vencido a Guerra Fria invariavelmente habita a elite brasileira (quem diria, a intelectual), essas opini�es antiamericanas acabam tendo um destaque desproporcional.
Ironicamente para os antiamericanos, atentados contra o pa�s ou amea�as do jovem Kim, em vez de significarem uma "derrota" americana, s�o um combust�vel para a m�quina armamentista do pa�s. Os maiores reacion�rios americanos j� querem culpar o atentado aqui em Boston ao fundamentalismo mu�ulmano ou salivam diante das amea�as do baby Kim para exigirem "respostas duras" do governo.
Obama j� demonstrou que n�o herdou os sonhos imperiais de impor o modelo americano ao mundo que Bush tinha. Demorou o quanto p�de para intervir na L�bia e est� olhando para o outro lado no drama da S�ria. Pode at� ser omisso, mas � bem menos intervencionista. Mas com o decl�nio da guerra do Afeganist�o, a m�quina de guerra vai ficar sem uma grande opera��o externa para faturar. S� os drones s�o pouco para essa ind�stria da guerra.
Essa � a preocupa��o de uma das grandes cabe�as americanas --sim, h� uma multid�o de americanos pacifistas. � imperd�vel assistir ao mon�logo do apresentador Bill Maher na semana passada na HBO, a respeito das amea�as da Coreia do Norte. Ele justamente fala sobre como a paz deveria ser a demonstra��o de for�a americana.
Se voc� n�o domina bem o idioma, vale a pena fazer um curso inteiro de ingl�s para assistir �s dezenas de v�deos de Maher no Youtube.
Como quase todo apresentador de TV do pa�s, ele se formou na escola dos comediantes de improviso, os repentistas do humor que animam bares e teatros --e se tornou uma das vozes mais l�cidas e contr�rias do establishment americano.
Enquanto temos Rafinha Bastos --e celebramos a novidade de que biografias possam ser publicadas sem autoriza��o dos herdeiros--, Bill Maher � um lembrete que, com todos seus defeitos, os Estados Unidos t�m uma liberdade de express�o e uma intelig�ncia no humor de nos matar de inveja. Mesmo em tempos de guerra. Torcer pelo atraso que vem de fora � refor�ar a linha dura do atraso dom�stico no pa�s.
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