![raul juste lores](http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/16155651.jpeg)
� rep�rter especial. J� foi correspondente em Washington, Nova York, Pequim e Buenos Aires, e editor de 'Mercado'. Escreve aos domingos, a cada duas semanas.
O pior dos pontos de �nibus
O pior dos novos pontos de �nibus de S�o Paulo n�o � o design desastrado, que n�o protege da chuva ou do calor, nem o teto baixo. O fato de estar "em implementa��o" (leia-se no improviso) pode at� significar que joguem tudo fora e gastem mais um tanto at� achar um novo modelo.
O pior � a oportunidade desperdi�ada com o uso da publicidade. A Cidade Limpa criou uma demanda enorme ao proibir outdoors por S�o Paulo. Qualquer an�ncio ficou mais valioso ap�s a restri��o. Seis anos depois da "Cidade Limpa", o m�ximo que a Prefeitura conseguiu extrair do mercado sedento foi ter pontos de �nibus improvisado e rel�gios de rua que ser�o suportes de publicidade. Fazer caixa sem esfor�o levou a melhor.
Barcelona fez sua "cidade limpa" nos anos 80. Depois de retirar 7.000 outdoors da capital catal� durante a d�cada de 80, a prefeitura canalizou a demanda reprimida por espa�os publicit�rios. Quem restaurasse uma fachada, poderia colocar seu logotipo na tela de prote��o da obra por um ano.
Barcelona recuperou 600 pr�dios hist�ricos, inclusive alguns do Gaud�, usando recursos da publicidade.
O paulistano Copan j� poderia ter sido restaurado assim, se o nosso Cidade Limpa tivesse sido aprofundado, como foi em Barcelona com a campanha "Barcelona, posa't guapa" (Barcelona, fique mais bela, em catal�o). Em seis anos sem an�ncio nas ruas, n�o seriam poucas empresas que disputariam para poder estampar seus logos na lona do Copan, do edif�cio Anchieta, na Paulista com a Consola��o (onde fica o Riviera), o Esther, na pra�a da Rep�blica, o Eiffel e o Montreal, ambos tamb�m de Niemeyer, no Centro, entre tantos outros.
Como nem todos os pr�dios hist�ricos ficam em �reas de alta visibilidade, a campanha barcelonesa foi alterada nos �ltimos anos. Obras em grandes supermercados ou pr�dios corporativos tamb�m puderam ser embaladas com publicidade, desde que o patroc�nio servisse ao restauro de constru��es relevantes. � como se pr�dios em constru��o da marginal ou na Vila Ol�mpia (zona oeste) cedessem o valor da publicidade estampada em suas lonas para o restauro de obras "escondidas" na regi�o central.
Barcelona fez ent�o uma forte campanha de m�dia para provocar a autoestima dos catal�es pr�-Olimp�ada. Celebridades pediam ades�o de grandes empresas na TV e nos jornais. Um conv�nio foi estabelecido com o Col�gio de Arquitetos de Barcelona para que t�cnicos vistoriassem cada projeto de restauro antes da aprova��o. Assim foram evitadas descaracteriza��es gratuitas dos projetos originais.
Paredes cegas que antes eram ocupadas por outdoors foram tomadas por grafites e murais feitos por artistas pl�sticos. Houve verba at� mesmo para retirar aparelhos de ar-condicionado de fachadas hist�ricas. Mas isso foi na Barcelona inventiva de sempre.
J� em S�o Paulo, cidade da implementa��o lenta e tabajara, no m�ximo, ganhamos pontos de �nibus que n�o foram objeto de um concurso de design, que n�o passaram por um estudo das necessidades dos usu�rios, que sequer apresentam o itiner�rio dos �nibus. Quanto ser� que custou tal improviso?
Twitter: @rauljustelores
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