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� rep�rter especial. J� foi correspondente em Washington, Nova York, Pequim e Buenos Aires, e editor de 'Mercado'. Escreve aos domingos, a cada duas semanas.
Onde os velhinhos t�m vez
Miami era o destino natural para muitos novaiorquinos quando se aposentavam. Era. Um n�mero cada vez maior de nova-iorquinos acima de 65 anos permanece na cidade e desfruta de seus encantos e diversidade, apesar da fama da agressividade e da pressa de seus habitantes.
Os velhinhos mais sacudidos podem ser vistos por toda a parte. Mesmo os com mobilidade prejudicada. Andadores e cadeiras de rodas el�tricas, cada vez mais baratas e made in China, fazem que uma popula��o antes condenada a ficar em casa vendo televis�o (como no Brasil), hoje esteja nas ruas.
Rampas em todos os edif�cios, inclusive os hist�ricos, se tornaram regra em Nova York. Em muitos cinemas, a popula��o mais velha j� � maioria, como no circuito alternativo do Village.
A prefeitura de Nova York tem instalado sem�foros mais vagarosos na mudan�a do vermelho para o verde para permitir que quem ande mais devagar possa atravessar com seguran�a --25 cruzamentos onde essa popula��o � maior j� foram beneficiados.
17% da popula��o da cidade tem mais de 60 anos. Em bairros como o Upper West Side, essa parcela passa dos 22%. Em conjuntos habitacionais da prefeitura, j� existem servi�os para os mais velhos, que v�o de aulas de ioga ocupando os antigos sal�es de festa, a workshops para manter essa popula��o ocupada.
Em v�rias pra�as, como a Tompkins Square, perto de onde moro, h� diversas atividades culturais e esportivas com os mais velhos em mente.
A ONG Associa��o Judaica para servir os mais velhos (JASA, das iniciais em ingl�s) recruta volunt�rios entre professores de educa��o f�sica e de ioga para dar aulas gratuitas em conjuntos habitacionais do Harlem.
No antigo condom�nio Lincoln Towers, no Upper West Side, com 9 mil moradores em 4 mil apartamentos, 40% dos habitantes t�m mais de 60. Boa parte passou dos 80 anos. N�mero enorme � de solteiros ou vi�vos. O condom�nio administrado como cooperativa mant�m o programa Project Open, que organiza de leituras de cl�ssicos com um professor de Literatura aposentado para 50 pessoas em um sal�o do pr�dio � medi��o mensal da press�o dos moradores.
Uma reportagem recente do New York Times mostrou um grupo de volunt�rios adolescentes que ensinam semanalmente como usar um laptop e navegar na internet (para algumas pessoas com 80 ou 90 anos, isso � certamente revolucion�rio; adolescentes e velhinhos saem melhor da experi�ncia).
Outra grande ideia, nascida da generosidade entre estranhos, � uma s�rie de pastas que ficam no t�rreo dos edif�cios do condom�nio Park West Village, com volunt�rios para tarefas simples,"Diret�rio dos recursos para residentes". Ali, vizinhos se oferecem de companhia para visita ao m�dico (para quem n�o quer ir sozinho), quem pode buscar um rem�dio na farm�cia, ler em voz alta um texto ou at� organizar uma refei��o.
A sociedade s� sai ganhando com parte da popula��o mais experiente cada vez mais atuante. Boa parte dos volunt�rios do museu Metropolitan, encarregados de ligar para s�cios e visitantes atr�s de doa��es e colabora��es, s�o aposentados volunt�rios.
Em 1990, quando a cidade sofria com 2500 homic�dios por anos, os velhinhos estavam bastante ausentes do espa�o p�blico --eram alvos f�ceis da criminalidade. No ano passado, o n�mero de homic�dios caiu para 414 em Nova York.
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Falando em velhinhos, surpreende a intransig�ncia dos defensores brasileiros do regime din�stico dos octagen�rios de Cuba. Um regime aonde h� 53 anos s� existe um partido, uma voz e uma fam�lia no poder. L�, s�o os jovens que n�o t�m vez.
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