Abel Ferreira escreveu em seu livro "Cabeça Fria, Coração Quente" que, por vezes, é preciso admitir a inferioridade e montar a estratégia para escalar uma montanha. Foi o que fez na final da Libertadores contra o Flamengo, em 2021. Escalou três zagueiros, linha de cinco na defesa, tática pouco usual desde que chegou.
Contra o Athletico-PR, repetiu aquela forma de jogar.
Passar um mês sem seu principal volante, Zé Rafael, exigirá soluções firmes e criativas. No meio de semana, contra o Bolívar, Gabriel Menino se revelou recordista de desarmes, um pouco mais recuado do que de costume.
Ao desfalque do cabeça de área, somou-se o de Artur, com lesão no calcanhar. A tabela prevê clássico contra o São Paulo no Morumbi, encontro com o Flamengo, no Allianz Parque, volta contra os são-paulinos e visita ao Beira Rio contra o Internacional.
Em Curitiba, a lesão de Artur e o cansaço de Dudu e Raphael Veiga fizeram com que Abel escalasse o Palmeiras com seis crias da Academia: Garcia, Vanderlan, Jhon Jhon, Luis Guilherme, Endrick e o garoto Naves, na função de terceiro zagueiro.
O sistema e a aposta nas crias deram certo até a expulsão de Garcia. Com um homem a mais, o Athletico empatou.
O Palmeiras não passava três rodadas de Brasileiro sem vencer desde setembro do ano passado, mas eram três empates, contra Flamengo, Fluminense e Bragantino. Agora, a igualdade em Curitiba se junta às derrotas consecutivas para Bahia e Botafogo. Só um ponto ganho em nove significa distância da briga pelo título –e com agenda duríssima.
O São Paulo também fará o clássico da Copa do Brasil com problemas. A provável ausência de Calleri, com fortes dores nas costas, é o maior problema. Porque Dorival Júnior monta seu time de maneira diferente da do Athletico, é provável que Abel volte à sua formação tradicional, com dois volantes em vez do terceiro zagueiro.
Os dois rivais terão montanhas a escalar. Embora o time tricolor tenha só quatro derrotas em 20 partidas, todas elas aconteceram nos últimos oito compromissos. A irregularidade voltou, como sinal de que o time não decola por mais culpa do clube do que de seus treinadores.
O São Paulo tem mantido seu desenho tático, com um meia aberto pela esquerda, um ponta pela direita e Luciano por trás do centroavante, seja Calleri ou Juan. Em casa, pode aumentar a instabilidade palmeirense e continuar lutando por inédito troféu da Copa do Brasil.
No Parque Antarctica, há quem defenda que, neste ano, as copas têm preferência sobre o Brasileiro, por causa da premiação e da conquista nacional do ano passado. Difícil pensar que a Copa do Brasil possa ser mais valiosa do que ganhar o 12º troféu.
Mas a distância para o Botafogo fica maior a cada rodada, e já são dez pontos de diferença.
Na história, a maior virada foi de 12 pontos recuperados, a partir da 23ª rodada, pelo Flamengo, na conquista de 2009. Mais fácil pensar que gremistas e rubro-negros sejam, neste momento, rivais mais diretos do Botafogo pela conquista do Brasileiro.
O Palmeiras tem uma montanha a subir no campeonato.
O São Paulo, na Copa do Brasil.
O futebol deste ex-país do futebol também tem, pensando num jogo com brilho de Endrick, que já é do Real Madrid, e Vitor Roque, quase certo no Barcelona.
Olho no Braga
Desde a goleada sobre o Flamengo, o técnico Pedro Caixinha copia um pouco do que o Manchester City faz com o lateral-volante Stones. Jadsom é lateral, quando defende, e volante, com a bola. Contra o Corinthians, o Bragantino jogou ótimo primeiro tempo. Mas com Aderlan na função de lateral-ponta.
Ameaçado
O Corinthians rejuvenesce seu time e corre risco de rebaixamento. A responsabilidade é mais da formação do elenco do que da reforma do time-base, tentada por Luxemburgo. A procura é por um estilo, pela formação de um novo time, com jovens. A providência deveria ter sido tomada um ano atrás.
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