Luís Castro afirma, na Arábia Saudita, que o Botafogo é o time com mais chance de ganhar o Brasileiro, não pela distância aberta na tabela. Pelos blocos táticos que se movem de modo compacto. As duas linhas de quatro se movimentam como se tivessem cordões a definir a posição exata de cada jogador.
Sem ser um pebolim, ou totó como se diz no bairro do Engenho de Dentro, no Rio, sobe e desce com exata noção do que precisa ser feito: "O bloco", salienta Luís Castro.
Por que, então, o técnico português deixou a chance de ficar na história como campeão brasileiro? "O que sempre quis foi reconhecimento. Ser chamado pelo melhor do mundo é ser reconhecido", disse o treinador, em conversa telefônica, há dez dias.
O dinheiro também pesa, mas até John Textor disse que, se Cristiano Ronaldo pedisse, largaria tudo e ia atrás do sonho.
Textor estava na França no mesmo dia, negociando a contratação de Bruno Lage. Seguiu para o Caribe, onde assinou o contrato do novo treinador.
Na quarta-feira (12), estava no Rio de Janeiro no início da tarde, para a apresentação de Lage. À noite, juntou-se à torcida na arquibancada, em Paraná, na Argentina, vitória sobre o Patronato. No sábado, assistiu a Botafogo x Bragantino pela TV, em Nova York. Antes da pandemia, a média de espectadores no Nílton Santos era de 15 mil. Havia 37 mil na vitória contra o Bragantino.
Não foi a melhor atuação alvinegra até agora. O Bragantino teve mais posse de bola, finalizou mais. Esbarrou na força tática e mental da equipe ainda dirigida por Cláudio Caçapa. Diferentemente do Flamengo ou do Palmeiras, o Botafogo é uma equipe física. Força no meio decampo, no ritmo de Marlon Freitas, velocidade pelos lados, com Júnior Santos e Luís Henrique, substitutos muito rápidos, como Victor Sá, machucado, e Segovinha, xodó da torcida.
Há dois anos, o Botafogo estava na Série B, a arquibancada cantava jocosamente "Eu vi o Chay", referência ao armador da equipe, deixado de lado depois do acesso. Hoje, canta "Segovinha joga bola." Chay jogou na Tailândia, voltou ao Brasil aos 23 anos, não encontrou emprego e destacou-se no Futebol Sete.
Segovinha não é craque. Tem 20 anos, é paraguaio e chance de jogar na Europa.
O Botafogo está se transformando.
Um dos primeiros renascimentos botafoguenses, teve como protagonista o ponta Paraguaio, apelido de Egídio Landolfi, nascido no Mato Grosso. Marcou o primeiro gol da vitória por 3 x 1 na final carioca de 1948, vencida contra o Vasco, campeão sul-americano nove meses antes. Paraguaio derrotou o Expresso da Vitória, como era conhecido o esquadrão vascaíno.
Segovinha, nascido no Paraguai de verdade, ajuda a derrotar a ideia apressada de que o futebol brasileiro será dividido por Flamengo e Palmeiras.
Do ponto de vista tático, a equipe é simples. Eduardo, genro de Bebeto, faz o papel de segundo atacante, embora meia de formação. Pode ser campeão pelo Botafogo, como seu sogro não conseguiu na Copa do Brasil de 1999.
Os blocos sólidos movem-se e permitem infiltrações de pontas e volantes, como no passe de Tchê Tchê para o gol de Eduardo, contra o Bragantino.
É cedo para dizer se o Botafogo será campeão. Há uma história surpreendente sendo construída.
TRÊS VEZES TRÊS
O Corinthians não vencia três partidas seguidas desde fevereiro. Passou pelas três fases da Copa do Brasil nos pênaltis. Era inédito três semifinalistas iguais ao ano anterior. Flamengo, Corinthians e São Paulo se repetem em comparação com 2022. Corinthians de Luxemburgo, com losango no meio, será competitivo na semi.
HERÓI CALLERI
O centroavante do São Paulo teve lesão grave nas costas e só jogou as duas partidas contra o Palmeiras por fazer tratamento intensivo com os fisioterapeutas. Podia ser poupado contra o Santos. Em vez disso, fez dois dos quatro gols que colocam o São Paulo na parte de cima da tabela. O Tricolor está mais forte.
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