Dos 26 clubes da Liga Forte, 24 já têm aprovação de seus Conselhos Deliberativos para aderirem ao contrato com o fundo de investimentos norte-americano, Serengetti.
O número de assinaturas obriga o depósito de R$ 1,1 bilhão. Se houver uma liga única, com 40 clubes, serão R$ 4,85 bilhões.
Para isso, precisa haver aproximação entre Liga Forte e Libra. Se não houver, existirão dois blocos negociando direitos de televisão separadamente e o avanço, tão próximo, não passará de sonho.
Um conflito é o tempo de transição para Corinthians e Flamengo não perderem em relação ao que recebem hoje. É justo, mas não por cinco anos, como querem os clubes das duas maiores torcidas do país. O contrato atual é de seis anos. Cinco anos é como estender a situação atual.
A distorção na divisão do dinheiro de TV só existe por causa do pay-per-view, plataforma que pode nem existir daqui a poucos anos.
Um aspecto ético incomoda alguns clubes da Libra. Atual vice-presidente de Desenvolvimento e Projetos da CBF, Flávio Zveiter é fundador da Codajás, empresa cuja sede está uma casa no Leblon, zona sul do Rio de Janeiro.
A mesma residência já esteve à venda e aparece como endereço de Flávio Diz Zveiter, em um processo de 2020. O presidente da CBF entende que não há conflito de interesses.
Codajás e BTG Pactual são as consultoras da Libra, que tem o fundo Mubadala como potencial investidor.
Alvarez & Marsall, XP Investimentos e Livemode estão com a Liga Forte. Há quem veja aqui a disputa: XP x BTG, Codajás x Alvarez & Marsall. Os clubes não precisariam de consultorias se houvesse unidade. Não há.
Também não existe ainda a liga e, mesmo assim, a Serengetti se dispõe a pagar R$ 4,85 bilhões. Pergunta-se de onde vem o dinheiro, quem são os investidores da Serengetti.
O último acordo de TV valeu R$ 2,2 bilhões no total. Quanto pode valer se houver uma Premier League do Brasil? Muito mais. É óbvio!
Para ser tão bom quanto a Premier League, precisa haver disputa. Ou seja, tem de haver equilíbrio na divisão do dinheiro.
A Mubadala se propõe a pagar R$ 4,75 bilhões. Não assinou com a Libra, ainda. O fundo apareceu no noticiário pela primeira vez entre a ascensão e queda do império de Eike Baptista, na mesma época em que Rodolfo Landim foi seu executivo e chamado de amigo pelo ex-magnata. "Gostaria de convidá-lo a fazer parte da minha holding, como cavaleiro da távola do sol eterno, fiel, guerreiro e escudeiro, um grande amigo! Ao invés de uma bela espada, você receberá 1% da holding – 0,5% das minhas ações da MMX. Você merece". Do amigo (ass) Eike Batista."
É um trecho do bilhete de Eike a Landim, que virou prova de processo do atual presidente do Flamengo contra o ex-homem mais rico do Brasil. O STJ não deu razão a Landim no pedido para ter 1% das ações das empresas de Eike.
O fundo Mubadala foi credor de Eike Batista. Recebeu US$ 2 bilhões na reestruturação da dívida das empresas X.
Recentemente, a Mubadala adquiriu o controle do Metrô Rio e comprou a refinaria Landulpho Alves, na Bahia, operação que o senador Omar Aziz (PSD-AM) pretende investigar, pelo preço abaixo do mercado e pela proximidade de data com a chegada das joias da Arábia, incorporadas ao acervo da família Bolsonaro.
Mubadala é um fundo dos Emirados Árabes.
Nada do que está relatado é crime. Os dirigentes de clubes precisam olhar todas as informações. Eles vão decidir se o Brasil vai voltar a ser o país do futebol ou se os melhores times daqui vão continuar perdendo do Bolívar, do Aucas e do Al Hilal.
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