O fracasso do Flamengo no Mundial de Clubes contrasta com o sucesso brasileiro no torneio. O Brasil é o único país com jogadores campeões em todas as edições oficiais da Fifa.
Será de novo, porque o Real Madrid escala Vinicius Junior e Rodrygo e o Al Hilal tem Michael.
Duro é ouvir Rodrygo afirmar que já imaginava a derrota do representante sul-americano e o triunfo saudita, afirmação diferente do que disse o técnico Carlo Ancelotti, o preferido do presidente Ednaldo Rodrigues, na CBF, para suceder Tite.
Ancelotti foi campeão mundial de clubes dirigindo Dida e Kaká, pelo Milan, Marcelo, pelo Real Madrid, e pode triplicar o feito com a dupla Rodrygo, nascido em Osasco (SP), e Vinicius Junior, em São Gonçalo (RJ).
Parece a letra de "Querelas do Brasil", do vascaíno Aldir Blanc, cantada por Elis Regina. Falava em Madureira, Olaria e Bangu, com os versos "O Brazil não conhece o Brasil" e "Do Brasil, S.O.S. ao Brasil".
Rodrygo mandou sua mensagem, ao separar em "nós", os espanhóis, e "eles", os brasileiros. Afirmou: "Sendo sincero, a gente sabia que seria difícil para o Flamengo passar. Todos estavam apostando no Al Hilal".
O Brasil do futebol joga na Europa.
Só existe uma chance de isso mudar: unir os clubes em torno da ideia da Liga.
Esqueça, por um instante, a notícia da separação dos 40 clubes das Séries A e B em duas entidades. A Forte Futebol, com 26 equipes, assinou contrato com o fundo de investimentos Serengeti, com uma promessa de venda de 20% do Brasileiro, por R$ 4,85 bilhões. Não é muito dinheiro, nem pouco, porque esse novo campeonato não existe. Ainda é uma obra de ficção.
A assinatura foi antecipada neste espaço há uma semana e confirmou-se na segunda-feira (6). A Libra, com 18 times, terá assembleia no dia 16.
No meio do caminho, a possibilidade de começarem as negociações individuais por contratos de TV, a partir de março. Se houver movimentos nessa direção, Flamengo e Corinthians serão os primeiros procurados, como aconteceu há 13 anos, na ruptura do Clube dos 13.
A velha estrutura era cartorial. Não faz falta. A necessidade é a criação de uma liga só, com visão empresarial, que consiga alavancar o futebol brasileiro do ponto de vista técnico e, consequentemente, econômico.
A Inglaterra vendia jogadores para a França em 1991. Comprou Gianfranco Zola, do Parma, em 1996. Com trabalho e unidade, a realidade pode começar a mudar em cinco anos. O risco é perder mais tempo.
Dirigentes de clubes grandes julgam possível fazer um novo torneio só com seus 14 filiados, como se estivéssemos na década de 1930.
Eduardo José Farah convidava jornalistas à sua sala, na avenida Brigadeiro Luís Antônio, centro de São Paulo, abria o livro de Thomaz Mazzoni, "História do Futebol no Brasil" e dizia: "Vocês falam em liga, como se fosse a modernidade, mas estas páginas relatam que havia dois campeões. Era uma enorme confusão".
Profeta do passado, Farah parecia prever o nosso presente. Não pode haver duas ligas, e o cenário possível, de dois blocos negociando direitos separadamente, também seria trágico.
O Flamengo é o clube mais poderoso da América Latina e perde do campeão da Ásia. A Copa do Mundo terminou com gols de três jogadores do Campeonato Croata e só um de Libertadores. E os dirigentes separam-se em blocos.
No mundo do futebol, inversamente aos versos da canção de Aldir Blanc e Maurício Tapajós, o Brasil é que não merece o Brazil. É por isso que Rodrygo e Vinicius Junior poderão ser campeões mundiais, como craques do Real Madrid.
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