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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Pelé tático

A mística do camisa 10 se fortaleceu com o Rei jogando de ponta-de-lança

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Pelé era ponta-de-lança, esta posição cujo nome caiu em desuso há quase quarenta anos. Mais do que isto, era tudo, como indica o diálogo publicado por Armando Nogueira com Pelé, por vezes atribuído a Nelson Rodrigues, depois de América 3 x 5 Santos, em fevereiro de 1958:

"— Quem é o melhor centroavante do Brasil?

— Eu —respondeu com naturalidade.

— E o melhor meia-esquerda?

— Eu também —já agora com um sorriso.

Pelé em lance da partida Santos x Juventus, em 1964
Pelé em lance da partida Santos x Juventus, em 1964 - Machado/Acervo U.H/Folha Imagem

Deixei o Maracanã sem saber direito se acabara de conhecer um pirralho convencido ou um eleito dos céus.

Como estávamos no ano de 1957, o leitor já percebeu que minha dúvida não durou muito tempo. O menino do vestiário ganharia, com o Brasil, já no ano seguinte, o Mundial da Suécia", escreveu Armando.

Ele data a conversa um ano antes de quando de fato aconteceu a partida contra o América. Não tem importância. Pelé já era o maior muito antes de ser e continuará sendo muito depois de ter sido.

A mística da camisa 10 se fortalece com ele, na ponta de lança. Quer dizer, o meia-esquerda que se aproxima do centroavante, A mesma função, em outras gerações, de Zico, com a 10 do Flamengo, Palhinha, com a 10 do Corinthians, Tostão, com a 8 do Cruzeiro.

O número de Tostão está aqui detalhado para se entender que houve, no Brasil, duas maneiras de numerar as camisetas. A numeração se iniciou na final da Copa da Inglaterra de 1933, vencida pelo Everton contra o Manchester City.

A aproximação da Copa de 1950 fez a CBD (Confederação Brasileira de Desportos) obrigar os times a numerarem suas camisas a partir de 1948, época em que Flávio Costa era técnico da seleção e definia seu sistema como Diagonal, uma espécie de WM torto.

Na Europa, com o WM (2-3-5), numerava-se goleiro e os dois zagueiros com 1, 2 e 3. A linha média com 4, 5 e 6. Flávio Costa puxava um dos dois médios para a linha de defesa, ou o 4 pela direita, ou o 6 à esquerda. Quando o escolhido era o 6, a defesa começava com o lateral-direito número 2 e a diagonal se dava com 8 mais adiantado em comparação com o camisa 10.

Zizinho atacava um pouco mais do que Jair, na seleção de 1950.

Campinho do PVC 2.jan.2023
A diagonal de Flávio Costa com Zizinho ponta-de-lança, 8 - Núcleo de Imagem

No Santos, tradicionalmente, o número 4 recuou e, com o passar dos anos, virou o lateral-direito. Era assim com Biguá, número 4 do Flamengo —Júnior ocupou a lateral direita rubro-negra vestido com a camiseta 4 em 1974.

O passar dos anos mudou esta lógica, mas explica por que o Palmeiras tinha o lateral-direito Eurico, com a 2, e o ponta-de-lança Leivinha, com a 8 —Ademir da Guia era o meia-armador, 10. Ao passo que o Santos teve Lima, lateral-direito 4 e Pelé, meia mais ofensivo do que Mengálvio ou Jair Rosa Pinto, consagrando a 10.

Campinho do PVC 2.jan.2023
Pelé com a 10, e Lima lateral com a 4, no Santos - Núcleo de Imagem

O Rei estreou na seleção com a 13, entrando no segundo tempo contra a Argentina, em 1957. Três dias depois, fez sua primeira partida como titular com a 8. Luizinho, do Corinthians, vestiu o manto que se tornaria sagrado com Pelé.

"A camiseta 14 tem simbologia na Holanda, mas não como o 10 no Brasil", diz o jornalista Tiemen van der Laan, editor da revista Voetbal International, em Amsterdã.

Cruyff vestiu a 9 no Barcelona e só jogou uma Copa com a 14. Maradona, Messi e Mbappé não abriram mão do número sagrado assim que tiveram chance de colocá-lo às suas costas. A exceção é a Inglaterra, onde o 7 de Cristiano Ronaldo é herança de Stanley Matthews.

Os britânicos tiveram sua rainha. O futebol sempre terá seu Rei.

Gerson no Fla

O Flamengo não parou de contratar e traz de volta Gerson, para trabalhar com Vítor Pereira. Está claro que o técnico português julga mais fácil executar seu estilo de pressão, no rubro-negro, do que poderia fazer no Corinthians. Mas é ele, o treinador, quem tem de responder isso em sua apresentação na Gávea.

Crias da Academia

Diferentemente do rubro-negro, o Palmeiras aposta em Garcia, Vanderlan, Naves e Giovani, além de Endrick, para manter sua força em 2023. A ideia é de que o time pode ser tão competitivo juntando quem nasceu na Academia ao elenco bicampeão da Libertadores e campeão brasileiro em 2022.

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