A atriz Glenn Close rebateu crítica do jornal Los Angeles Times e argumentou não ser uma perdedora. Recordista de indicações ao Oscar, sem jamais ter levado uma estatueta, fez papéis importantes em “Ligações Perigosas”, “Atração Fatal” e “Era uma Vez um Sonho”.
Os três filmes têm títulos em português que, de algum modo, encaixam-se com a semana do presidente da CBF, Rogério Caboclo.
Lauro Jardim, colunista de O Globo, escreveu que Caboclo está em apuros. Seu período de reclusão, em São Paulo, pegou de surpresa dirigentes e até integrantes de sua diretoria. Mas quem conversou com ele, neste tempo, sentiu-o tranquilo.
Talvez por não acreditar que gravações de conversas recentes com funcionários e funcionárias da confederação apareçam, nem tragam palavras de baixa categoria. Por outro lado, há quem acredite que esses diálogos existem e aparecerão.
Protegido por um comitê de aliados dentro da sede da entidade, para onde retornou em 4 de maio, Caboclo teve conversas com Ricardo Teixeira e Marco Polo Del Nero.
Não que deva, necessariamente, satisfações aos dois ex-presidentes, mas é inegável que Teixeira e Marco Polo demonstraram muita competência política para conquistarem apoio de presidentes de clubes e federações. Pode interpretar como eufemismo.
Caboclo, ao contrário, assustou interlocutores durante recente reunião virtual sobre a paralisação do futebol por causa da Covid.
Dirigentes de norte a sul olham para o edifício da CBF, na Barra da Tijuca, com constrangimento e decepção.
Os mais crédulos acreditaram numa gestão modernizadora. Ainda há quem aponte mais transparência do que houve com Teixeira e Del Nero.
A CBF parece mesmo mais organizada e menos corrupta, mas os advérbios de intensidade aqui empregados não são suficientes. O Brasil só dará certo quando for possível usar, sem medo, um advérbio de negação: nada corrupta.
Há mais questionamentos. Diz-se que Caboclo tem uma diretoria competente, porém incapaz de agir, por causa de um presidente centralizador e indeciso.
Na terça-feira (11), enquanto assessores tentavam resolver questões ligadas à sua relação com uma funcionária em licença médica, Caboclo deliberava sobre a troca do avião que serve à entidade e que, durante a pandemia, teve a exclusiva função de levar o presidente da CBF do aeroporto de Jacarepaguá a São Paulo, em viagens de ida e volta.
Naquele dia, só deixou o edifício da Barra às 22h, amparado pelo secretário-geral Walter Feldman, e sem se sentar com quem lhe cobrava decisões.
As paredes da sede da CBF ouviram histórias que lembram a trama de Glenn Close com Michael Douglas, em “Atração Fatal”, que rendeu indicação ao Oscar de melhor atriz. Alguns ainda aliados preferem citar outra obra de Glenn: “Era uma Vez um Sonho”.
Porque, sim, há quem julgue sua habilidade financeira capaz de fazer a CBF difundir futebol em 8,5 milhões de quilômetros quadrados. Em vez disso, espantam-se com a inabilidade política, almoços atrasados por mais de uma hora e constrangimentos por falta de etiqueta, por exemplo, em encontro com Gianni Infantino, da Fifa, durante o Mundial de Clubes, no Qatar.
É impossível dizer se Rogério Caboclo será o presidente da CBF daqui a seis meses ou daqui a seis anos. Sua permanência terá de passar por profunda revisão de métodos de trabalho, relações pessoais e profissionais.
Hoje, sua gestão é vista com insatisfação por integrantes de sua própria diretoria, com desconfiança de dirigentes de clubes e enorme decepção de quem algum dia acreditou nele.
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