O São Paulo disputou 33 pontos e só ganhou 14 (42%) no Estadual. Perdeu todos os clássicos, o que só aconteceu na história tricolor nos Paulistas de 1937 e 2010. Somando os confrontos contra os rivais no ano passado, Dorival disputou 6 clássicos e só venceu 1.
Não é preciso muita imaginação para entender por que Dorival Júnior foi demitido e não vale gastar energia para dizer que o certo é acabar com a roda viva dos treinadores.
Esta demissão não é injusta.
Mas entender as razões do fracasso exige olhar também para dentro do Morumbi, lembrar que o time do segundo turno do Brasileiro foi totalmente reformulado em comparação com o de Rogério Ceni e mudou de novo no Paulista. Com Dorival, o time se salvou do rebaixamento, mas teria se classificado para a Libertadores, não fossem três empates em casa nas últimas rodadas, contra Chapecoense, Botafogo e Bahia.
Com os seis pontos perdidos, se classificaria no lugar do Vasco.
A escolha do novo treinador tem de ser cuidadosa.
Desde a saída de Muricy Ramalho, em 2009, são 13 técnicos. Só um deles começou janeiro e terminou dezembro no CT da Barra Funda: o próprio Muricy, em sua volta entre 2013 e 2015.
O vice-campeonato de 2014 não é, por acaso, a melhor campanha do clube no Brasileiro desde o tricampeonato de 2008.
Estabilidade não é tudo, mas ajuda bem.
O São Paulo muda de técnico porque não ganha jogos ou não ganha jogos porque muda muito de treinador? A verdade é que não ganha jogos e muda de técnico, porque não conseguiu achar sua linha de trabalho. Escolher jogadores para um estilo de equipe e ter paciência para ver o resultado aparecer.
Se o São Paulo não reencontrar seu modelo, vamos demorar mais sete meses para contar o 14º treinador dispensado.
ELEIÇÕES, JÁ!
Reinaldo Carneiro Bastos queria uma coisa, simplesmente: ser candidato à presidência da CBF. Para isso, rejeitou privilégios, como o de ser chefe da delegação da seleção na Copa.
Há 32 anos, a CBF não tem uma eleição com dois candidatos e com debate aberto, sobre o que precisa melhorar no futebol brasileiro. O discurso na Barra da Tijuca é de que a confederação está mais aberta e funcionando como uma empresa.
Os portões estão abertos e a entidade melhorou como empresa, mas segue uma enorme nuvem de corrupção a sobrevoá-la. Além disso, como propagar a abertura, se a CBF se fecha para o debate que seria promovido por uma simples eleição disputada entre dois candidatos?
Os dirigentes dirão que não se fecharam, mas que Reinaldo Carneiro Bastos não conseguiu as oito assinaturas necessárias. A cláusula de barreira não é democrática, e há depoimentos de federações que se julgaram pressionadas a não avalizar a candidatura sob o risco de perder subsídios. A CBF nega.
Há outros culpados, também. Os clubes não esboçam nem sequer um grito de indignação.
Mas o pecado é da confederação, que se esforça em dizer que está se transformando, sem se abrir para o contraditório.
Frustrado, Reinaldo Carneiro Bastos argumenta, com razão, que foi impedido de participar.
O Brasil tem eleições diretas para presidente há 29 anos. Por que a CBF tem medo?
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