Pesquisa do Instituto Data Favela mostra que dos 17,1 milhões de moradores de favela no Brasil, 50% deles se sentem empreendedores e a maioria quer ter o próprio negócio.
Empreender aqui passa longe do conceito que muitas vezes esconde condições precarizadas de trabalhos e direitos suprimidos baseados numa meritocracia inexistente.
Na verdade, o termo empreendedorismo é novo, porque na favela desde sempre damos nossos pulos, fazemos nossos corres e desenrolamos a situação. Empreender para nós é necessidade de sobrevivência. E nela fazemos gestão e movimentamos a economia.
Esse quadro revela uma oportunidade enorme e demanda condições e mudanças de olhares por parte do setor público e privado que ainda veem a favela como ambiente somente de tragédias e carências, perdendo assim a possibilidade de atender uma agenda que pulsa.
A presença do Estado ainda é precária nos serviços públicos. Quando se fala em economia, a coisa piora. A informalidade, a falta de uma política tributária que devolva os recursos arrecadados da sociedade em forma de políticas públicas, a burocracia, a falta de acesso a crédito, só para ficar em alguns temas, colocam o Estado como vilão regulado e opressor, abrindo brecha para discursos de redução do Estado, num ambiente onde ele já é mínimo. E, nesse tema, favelado é doutor. De Estado mínimo nós entendemos bem, por isso precisamos do Estado como parceiro.
Esse ano, a Expo Favela, organizada pela Favela Holding em parceria com a Cufa, mobilizou 37 mil pessoas, num final de semana seguido de feriado com gente de todo o país, confirmou o que a diversidade de negócios, a capacidade inovadora e a diversidade de nichos para negócios é algo em andamento a todo vapor, mesmo que a maioria das empresas e o Estado brasileiro não vejam a favela como ambiente de investimento, mas apenas de custo, arrecadação e lucro.
Durante a Expo Favela, constatamos que sobra talento, criatividade e iniciativas que os próprios favelados criam todos os dias, colocamos frente a frente CEOs de grandes empresas e os homens e mulheres das favelas para pensar alternativas de desenvolvimento, criar soluções e ampliar os negócios.
Como legado da Expo Favela, o empresário e CEO da Favela Holding lança, com a Fundação Dom Cabral e com a Cufa, a Escola de Negócios da Favela, que surge da necessidade de qualificar as favelas e a partir da experiência de Celso Athayde.
Acoplado a esse processo para completar esse ecossistema econômico, Athayde lança o primeiro fundo na área, o Favela Fundos, para apoiar os projetos e mostrar os negócios das favelas de forma profissional.
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