Rep�rter especial da Folha, foi correspondente nos EUA e escreve sobre pol�tica e economia internacional. Escreve �s sextas-feiras.
Secess�es que sa�ram pela culatra
O mundo assiste a duas tentativas de secess�o que sa�ram pela culatra. No Curdist�o iraquiano, onde um plebiscito pela independ�ncia foi realizado em 25 de setembro, as tropas iraquianas retomaram v�rios territ�rios que estavam sob poder dos curdos desde 2014.
Na Catalunha, que votou pela independ�ncia no dia 1 de outubro, o governo do primeiro ministro espanhol Mariano Rajoy amea�a invocar o artigo 155 da Constitui��o para cassar a autonomia da regi�o, com medidas que podem ir desde deten��o de legisladores at� convoca��o antecipada de elei��es.
Nos dois casos, em �ltima inst�ncia, o objetivo era se "cacifar" para obter mais benef�cios e autonomia do governo central. Foram apresentados a Madri e Bagd� fatos consumados, com a ideia de extrair concess�es a partir da�.
O Governo Regional do Curdist�o (GRC) queria consolidar ganhos territoriais sobre �reas produtoras de petr�leo. Divididos, os curdos n�o se entenderam e houve recuo sem resist�ncia em Kirkuk. Terminaram sem independ�ncia, e com muito menos territ�rio - perderam inclusive po�os de petr�leos que eram essenciais para financiar suas ambi��es de independ�ncia.
No caso da Catalunha, afora a debandada de empresas que temem a instabilidade, agora os catal�es se preparam para perder autonomia, em vez de ganhar independ�ncia.
Tanto na Espanha quanto no Iraque, as pot�ncias ocidentais se colocaram completamente do lado do status quo. Os curdos se sentiram tra�dos - ajudamos os EUA a derrotar o Estado Isl�mico, e agora eles nos rifaram, � a queixa.
Catal�es tamb�m esperavam solidariedade da Uni�o Europeia, mas receberam rep�dio - a UE n�o aceita nem sequer agir como mediadora da disputa. A �ltima coisa que os europeus querem � encorajar corsos, lombardos, escoceses, cada um de seus pr�prios movimentos separatistas
"N�o est� na nossa agenda", disse o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk. "Todos n�s temos nossas pr�prias emo��es, opini�es, e avalia��es, mas, de forma oficial, n�o h� espa�o para interven��o da UE."
J� basta lidar com um l�der americano err�tico e um processo turbulento de sa�da do Reino Unido do bloco europeu.
Quanto ao Iraque, o presidente Donald Trump afirmou: "N�o vamos ficar do lado de ningu�m" e o Departamento de Estado segue rejeitando a legitimidade do plebiscito.
Definitivamente n�o � uma boa �poca para fazer marola.
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