O Brasil subiu três posições em relação ao ano passado no World Giving Index, ranking que mede a generosidade global, promovido pela Charities Aid Foundation (CAF) —representada no Brasil pelo Idis (Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social).
A pesquisa, que traz dados de 142 países, analisa três ações: ajuda a um desconhecido, doação em dinheiro a uma organização social e trabalho voluntário. O ranking deste ano revelou o índice global de generosidade mais alto, igualado apenas durante a pandemia.
O Brasil ficou em 86° lugar. O resultado, similar ao do ranking anterior, indica estabilidade. No entanto, se olharmos o histórico de doação em dinheiro, exceto no período de pandemia, o desempenho do país se assemelha ao de 2015. Ou seja, nosso indicador é equivalente ao que tivemos oito anos atrás.
O terceiro setor é crucial para a economia. A pesquisa "A Importância do Terceiro Setor para o PIB no Brasil", executada pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômica) a pedido do Movimento por uma Cultura de Doação e coordenada pela Sitawi, comprova isso. O levantamento revela que o terceiro setor representa 4,27% do PIB brasileiro, equivalendo a R$ 423 bilhões em 2022.
Partindo da comparação entre agora e 2015, o contexto atual é ainda mais complexo. Vivemos uma crise climática que exige a colaboração de todos os setores. Para organizações da sociedade civil, recursos equivalentes aos de 2015 não serão suficientes para gerar os resultados necessários agora e no futuro.
Por isso, precisamos incentivar mais doações para as OSCs atuarem de forma cada vez mais estruturada, sistêmica e em articulação com os demais setores. Isso passa, necessariamente, pela promoção da cultura de doação.
Iniciativas como o Termômetro da Doação, lançado recentemente pelo Movimento por uma Cultura de Doação, refletem a complexidade de fortalecer a cultura de doação no país. Acessar e trocar informações no setor é essencial para termos mais instrumentos que ajudem o campo a definir estratégias em prol de uma filantropia mais robusta no Brasil.
A filantropia pode ser peça-chave para mitigar as emergências climáticas, se aplicada de forma estratégica e integrada com os demais setores. Fomentar e financiar iniciativas que mitiguem riscos sociais e ambientais é papel necessário do setor empresarial e precisa ir além de uma agenda de responsabilidade corporativa e ESG. Mas como, de fato, podemos gerar mudanças positivas?
Cada setor tem papel crucial neste contexto. E somente recursos governamentais e filantrópicos não serão suficientes. Nesse cenário, empresas assumem uma responsabilidade fundamental.
Recentemente, lançamos um guia para impulsionar ESG e responsabilidade social nas empresas. O setor privado tem potencial de promover ações estruturadas que incentivem a inovação socioambiental.
Segundo a ABCR (Associação Brasileira de Captadores de Recursos), 85% dos valores doados para o enfrentamento da pandemia de Covid-19 no Brasil partiram de empresas. Além disso, cerca de 34% das doações no último ano foram realizadas por empresas, de acordo com o Monitor de Doações.
Isso demonstra o potencial filantrópico que empresas podem ter ao direcionar ou destravar recursos para iniciativas de impacto positivo. Por meio de uma filantropia empresarial estruturada, poderemos alavancar iniciativas de educação, assistência emergencial a comunidades, ações antirracistas, proteção da natureza, entre outras.
Cabe a nós, inspirados pelo aumento no índice geral de generosidade, doar para fazer o Brasil subir no ranking do próximo World Giving Index. Doações individuais e corporativas são fundamentais para o hoje e o amanhã.
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