Imaginemos um mundo em que a matemática deixasse de existir. Tecnologias modernas, como computadores, comunicações sem fio, criptografia e inteligência artificial, que dependem desse conhecimento, poderiam ser extintas.
Engenharia e arquitetura também estariam seriamente comprometidas. Se olhamos para a inexistência da matemática com preocupação, por que não fazemos o mesmo em relação a outras experiências educativas, igualmente importantes para nossa formação enquanto adultos e cidadãos?
Os millennials acompanharam a transição para a era digital e a popularização da internet. Um fator marcante dessa geração é falta da educação política —processo de debates, discussões e busca por informações para o exercício da cidadania.
Será que é justo colocarmos toda a responsabilidade por um futuro melhor nas mãos de gerações que não foram preparadas para liderar essa mudança?
Muitos ainda entendem a política como um bicho de sete cabeças e, para estes, a responsabilidade de ser um cidadão presente nos espaços democráticos pode ser tão ou mais desafiadora do que o aprendizado de operações matemáticas.
"Aqueles que não podem lembrar o passado estão condenados a repeti-lo", disse George Santayana, pseudônimo de Jorge Agustín Nicolás Ruiz de Santayana y Borrás. A frase se encaixa perfeitamente nesta discussão.
Não será possível construirmos um Brasil mais justo e capaz de aprender com erros se continuarmos afastados da educação política.
A formação de uma cultura verdadeiramente democrática, centrada em valores como liberdade, diálogo, colaboração, bem comum, participação e respeito às diferenças é o elemento de sustentação mais importante da democracia.
Isso só pode ser alcançado se entendermos a importância de promover educação política a toda uma geração.
A geração Z surge sob um novo contexto. Mais preocupada com o futuro, é conhecida por seu ativismo online e engajamento em questões sociais e políticas.
De acordo com o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), até janeiro de 2024, o número de eleitores entre 16 e 17 anos cresceu 14% em relação às últimas eleições municipais. E o número de eleitores com menos de 18 anos cresceu em janeiro de 2024, interrompendo uma sequência de queda nas eleições municipais.
Ou seja, há interesse. Os jovens estão mostrando para a sociedade e para as organizações políticas que estão dispostos a "arregaçar as mangas", aprender e agir para construir uma democracia mais sólida e um país mais justo.
Cabe a todos nós, como sociedade, e aos nossos representantes e instituições democráticas nos movimentar para dar oportunidade a esses jovens, para que, daqui para frente, possamos olhar no espelho e ter cada vez mais orgulho de nosso reflexo.
A preparação para a cidadania não pode ficar restrita apenas ao ensino formal.
Em 2024, a Politize!, que tem como missão proporcionar educação política a qualquer pessoa, em qualquer lugar, quer levar milhões de jovens às urnas com a campanha Umbora!.
A partir do folclore brasileiro, a organização mostra que política não é bicho de sete cabeças, oferecendo conteúdos digitais e formações presenciais de forma gratuita, educativa e suprapartidária.
O objetivo é que todas as pessoas possam compreender a política de forma ampla –desde uma visão da história brasileira até o acesso a ferramentas para buscar soluções práticas para problemas comunitários.
Com isso, é possível eliminar visões rasas e abraçar ideias vindas de todos os lados.
O sonho é que cada uma dessas pessoas se torne um elemento de convergência, um agente de conscientização e de combate à polarização extremista, que ajude na tarefa de tornar o Brasil uma democracia plena.
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