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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Descrição de chapéu Folhajus

Odebrecht: disputa na família tem até pedido de bloqueio de ilha

Empresa controlada por Eduardo, irmão de Emílio Odebrecht, quer indisponibilidade de bens e empresas do grupo; família não comenta

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Brasília e São Paulo

Uma ala da família Odebrecht foi à Justiça para evitar que a ilha Kieppe, pertencente a Emílio Odebrecht, seja vendida para cobrir dívidas do grupo, que entrou em recuperação judicial há cerca de quatro anos.

A ação foi movida pela Cape Patrimonial, empresa de Eduardo Odebrecht e seus filhos, que detém 15% da Kieppe —holding que reúne ao menos cinco alas dos Odebrecht e controla as demais empresas do grupo.

Eduardo é irmão de Emílio Odebrecht, que é pai de Marcelo e Maurício Odebrecht, atual presidente do conselho de administração da empresa, hoje chamada Novonor.

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O empresário Marcelo Odebrecht com o pai, Emílio (de terno escuro), e o avô Norberto (ao fundo), na década de 1990 - 19.nov.2020-Arquivo Pessoal

Na petição inicial, a Cape pleiteou ainda o bloqueio do Condomínio Casa do Bosque e das demais companhias por considerar ter havido gestão temerária no grupo, culminando com o envolvimento na Operação Lava Jato.

A Cape afirma que sequer foi consultada sobre o pedido de recuperação judicial.

Com cerca de 78,6 mil m², a ilha Kieppe está localizada na região de Barra Grande, entre a ponta do Mutá e Boipeba, na península de Maraú (BA).

Sua localização consta no Google Maps, mas é impossível visualizá-la por imagens de satélite. Em seu registro junto à Secretaria de Patrimônio da União, não há qualquer tipo de informação sobre benfeitorias ou número de habitantes.

Os pescadores da região, no entanto, conhecem o local como a "ilha da Odebrecht" e afirmam que há uma grande marina e uma mansão, que recebe, com frequência, Emílio e a família.

R$ 25 milhões

A ilha, contudo, não pode ser vendida. Por pertencer à União, somente seu direito de uso é "vendido". Funciona como uma espécie de arrendamento feito pelo governo federal.

É diferente de ilhas fluviais, que pertencem a municípios e, por isso, podem ser vendidas como qualquer outro imóvel.

Ilhas similares na região estão avaliadas em R$ 25 milhões, segundo corretores internacionais que negociam os locais para estrangeiros.

A ofensiva da Cape Patrimonial é uma tentativa dos primos de Marcelo e Maurício Odebrecht de evitar o que chamam de "dilapidação patrimonial" após a recuperação judicial.

No processo, que tramita em segredo de Justiça, a Cape também pediu a entrega de documentos da Kieppe para demonstrar gestão temerária desde a Operação Lava Jato.

Eles consideram estar havendo uma venda desenfreada de bens sem que saibam, exatamente, o motivo.

Em um primeiro momento, a Justiça da Bahia concedeu a alienação do Condomínio Casa do Bosque e da ilha Kieppe, mas pediu que uma nova ação fosse aberta diante da fragilidade das acusações sobre gestão temerária.

Houve recurso e, em maio de 2023, o mesmo juiz decidiu que não caberia o bloqueio dos demais ativos do grupo, pedido que devia ter sido feito diretamente ao juiz responsável pelo processo de recuperação judicial.

Consultada, a Kieppe não quis comentar. A coluna não conseguiu resposta da Cape Patrimonial.

Com Diego Felix

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