Na reunião com Lula prevista para esta semana, as companhias aéreas reforçarão o pedido feito ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de ao menos R$ 3 bilhões em linhas de crédito. Sem isso, não haverá o programa Voa Brasil, adiado novamente até que o governo consiga resolver o impasse.
Embora o BNDES ainda não tenha sentado à mesa, caberá ao banco disponibilizar duas linhas de crédito. É o que consta no plano que está sendo preparado pelo Ministério da Fazenda.
A ideia é criar um fundo setorial de até R$ 3 bilhões que será administrado pelo BNDES. Ele poderá ser acessado de duas formas.
As empresas que tiverem garantias a apresentar poderão usufruir de taxas mais baixas em empréstimos com o banco. Aquelas que não tiverem, vão usar o fundo como avalista para tomar crédito na praça. Hoje, elas afirmam que não conseguem recursos no mercado de capitais, o que torna a situação ainda mais difícil.
Inicialmente o governo não estava propenso a ceder, mas a situação mudou após o pedido de recuperação judicial da Gol nos EUA.
O encontro com o presidente Lula, no entanto, só ocorrerá se houver um acordo prévio entre Fazenda, Portos e Aeroportos e Petrobras, que está no centro das críticas feitas pelas aéreas.
Na reunião da semana passada, a petroleira foi duramente criticada pelas aéreas, que reclamam de um suposto abuso de preço no QAV (querosene de aviação). Elas mostraram gráficos indicando o descolamento entre os preços do petróleo e do querosene de aviação (QAV) no primeiro trimestre deste ano.
Na apresentação no Palácio do Planalto, a Azul mostrou que o combustível de aviação está muito acima do diesel, combustível refinado a partir da mesma molécula, mas que teve comportamento de preço muito diferente.
Isso gerou forte reação do presidente da estatal, Jean Paul Prates que, em entrevista, restringiu o problema à Azul.
Nesta semana, as companhias divulgam uma carta assinada por suas associações em resposta à declaração. A mensagem será clara: o preço do combustível, que hoje representa mais de 80% do custo da passagem, é um problema setorial.
Segundo elas, mesmo com a queda de 17% do QAV neste governo, o preço está o dobro do que deveria estar e muito acima de países como EUA, Portugal e até a Suíça, um dos lugares mais caros do mundo.
O assunto mobilizou a equipe econômica que, neste momento, finaliza um socorro para o setor, que atravessou a pandemia sem subsídios, diferentemente de outros países.
Além do fundo para linhas de crédito, deve haver pressão para que a Petrobras modifique sua política de preço no QAV.
O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, entretanto, já disse que não vai mexer no preço "com uma canetada" e nega haver qualquer tipo de abuso na precificação.
Contrapartidas
Esse impasse é o que está por trás dos sucessivos adiamentos do programa Voa Brasil, que o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, pretende implantar.
O anúncio estava previsto para esta semana, mas deve ser adiado novamente, segundo assessores do Planalto e executivos das empresas.
Pela nova política, as companhias terão de reservar uma cota de passagens para serem vendidas aos mais necessitados por R$ 200.
Elas afirmam, no entanto, que sem um programa claro de ajuda é impossível colocar o Voa Brasil no ar.
Com Diego Felix
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