Em viagem à Europa para mostrar o potencial de investimento no estado de São Paulo, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) deixou de fora o secretário de Negócios Internacionais, Lucas Ferraz.
A comitiva, que passa por Madri (Espanha), Milão (Itália) e Paris (França) e retorna ao Brasil em viagem que termina nesta sexta-feira (9), inclui os secretários de Parcerias em Investimentos, Rafael Benini, e de Desenvolvimento Econômico, Jorge Lima, assim como o presidente da InvestSP, Rui Gomes.
Ao Painel S.A., Ferraz disse que não participou da viagem porque está em férias até 12 de fevereiro, algo que ele havia combinado diretamente com o governador. A informação foi confirmada pela assessoria do governo de São Paulo.
"O secretário de Negócios Internacionais, Lucas Ferraz, esteve na primeira missão internacional do Governo de SP em 2024, entre 13 e 18 de janeiro, aos Emirados Árabes Unidos e encontra-se de férias. A atual missão internacional do estado foi liderada pela InvestSP, agência paulista de promoção de investimentos e competitividade", disse a assessoria em nota.
Nos bastidores, no entanto, interlocutores do governador afirmam que Ferraz só tem uma função diplomática. Afirmam que ele só é chamado a viagens quando é preciso exercer um papel protocolar. Ou seja, quando não envolve fechamento de negócios —motivo da viagem de agora.
Tarcísio foi à Europa em busca de parcerias de investidores para projetos de concessão e leilões de privatização, com foco em sustentabilidade.
Antecedentes
No início do governo, porém, a proposta da pasta de Ferraz não era protocolar. Em março do ano passado, o secretário foi o responsável por preparar o roteiro de outro roadshow do governo de SP pela Europa e por acompanhar o governador na viagem.
Porém, em maio, houve uma nova viagem do mesmo tipo para Nova York e Rui Gomes, presidente da InvestSP, foi escalado. Motivo: Tarcísio não estava satisfeito com o trabalho de Ferraz, segundo pessoas a par do assunto.
Parte da insatisfação do governador se devia ao vazamento de uma informação, em abril, sobre o envolvimento de Ferraz na polêmica de uma suposta negociação do governo paulista com a empresa ucraniana Antonov.
Na época, uma nota da secretaria de Ferraz dizia que a companhia fabricante de aeronaves teria interesse em investir US$ 50 bilhões no estado de São Paulo, mas deixou de fazê-lo devido a falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia.
À época, a Antonov informou, em nota, que não tem representantes no Brasil. Os petistas acusaram o secretário de espalhar fakenews. Lula chegou até a telefonar para Tarcísio para demonstrar insatisfação com o imbróglio.
Ferraz passou por uma fritura e o governador cogitou acabar com a pasta.
Passado o escândalo, a questão agora está sedimentada, dizem nos bastidores, e Ferraz segue no cargo exercendo um papel diplomático.
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