A J&F, holding dos irmãos Batista, divulga nesta terça (2) um comunicado em que afirma estar pronta para para desfazer o acordo assinado em 2017 com a Paper Excellence pela compra do controle da Eldorado.
"A J&F aguarda a concordância da Paper Excellence para o desfazimento amigável e voluntário do negócio (...) com a devolução do valor já pago, evitando assim prejuízos ainda mais graves às operações da Eldorado", diz a empresa dos Batista na nota.
A iniciativa dos Batista ocorre no momento em que o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) enviou um ofício à Junta Comercial de São Paulo e a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) para que ambos, como noticiou o Painel S.A., impeçam o registro da transferência das ações do controle da Eldorado para a Paper.
No centro da discussão está a possibilidade de compra de terras por estrangeiros. Segundo a nota técnica do Incra, que embasa os ofícios, a Paper deveria ter pedido autorização prévia ao Congresso para adquirir o controle da Eldorado.
A Paper, no entanto, diz que jamais se sentará à mesa de negociação. A companhia chama a nota da J&F de "mentirosa", "um exemplo da total falta de escrúpulos de seus controladores —Joesley e Wesley Batista— na tentativa de descumprir um contrato que assinaram há mais de seis anos."
"Não há qualquer manifestação da AGU, do MPF ou mesmo do INCRA declarando a nulidade do contrato de compra e venda de ações da Eldorado", disse a empresa à coluna.
"O que há são manifestações e orientações em processos administrativos e judiciais em fase inicial e que se referem exclusivamente à eventual aquisição de direitos sobre terras rurais o que, ainda que fosse ocorrer, somente se concretizaria mediante a transferência do controle acionário da empresa, que é justamente o que a J&F despudoradamente —após sucessivas derrotas— procura fazer por vias indiretas e interpostas."
Controlada pelo bilionário Jackson Widjaja, a Paper afirma que o parecer do Incra reconhece a validade do contrato e considera que ele não se relaciona com o negócio, que envolve somente a compra do controle da planta industrial da Paper.
A companhia diz que todas as propriedades rurais que produzem os insumos pertencem a terceiros com quem a Eldorado possui parceria. Os poucos terrenos próprios ficam em áreas urbanas.
Por isso, a Paper considera que o contrato de compra da Eldorado atende plenamente a legislação brasileira, uma vez que a operação não compreende compra de terras rurais, mas sim de um investimento em um relevante complexo industrial.
Com Diego Felix
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