A fritura do presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, segue em fogo alto. A campanha agora é pelo reajuste considerado discreto no preço do QAV, o querosene de aviação.
Na sexta (1), a estatal anunciou um corte de R$ 0,26 por litro do combustível, um dos itens que mais pesam no preço da passagem aérea. Para o ministério, esse corte deveria ter sido de R$ 0,54 por litro.
A tensão entre Silveira e Prates vem escalando nas últimas quatro semanas. No centro das discussões está a suposta pressão do presidente Lula por reduções no preço dos combustíveis –gasolina, diesel e QAV.
Silveira diz que já teve diversas conversas com Prates sobre o assunto. Para ele, a Petrobras vem reduzindo preços muito abaixo da variação internacional (o chamado Preço Paritário Internacional). Também há divergências sobre a política de investimento da petroleira. A ideia do governo é "abrasileirar" a estrutura de preços dos combustíveis.
Prates afirma que o ministro não entende o que isso significa. Ele diz que Lula nunca deu qualquer diretriz sobre redução dos preços.
"A Petrobras, por lei, é apenas vinculada (administrativamente) ao MME", disse Prates ao Painel S.A. "Esse pessoal pensa que ela é subordinada. Ordem na Petrobras só através do exercício da maioria no CA [Conselho de Administração] e na AG [Assembleia Geral]."
O presidente da Petrobras considera que, com o fim do PPI, os reajustes não precisam mais ser diários e, por isso, os movimentos de remarcação (para cima ou para baixo) precisam ser muito bem calculados.
A avaliação na Petrobras é que essa disputa entre Silveira e Prates esconde a intenção do próprio ministro em tirá-lo do comando da companhia.
No governo há uma divisão de forças. A ala política do Planalto acha que é melhor uma substituição. A ala econômica, liderada pelo ministro Fernando Haddad (Fazenda) defende Prates.
Com Paulo Ricardo Martins
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