Assessores do presidente Lula começaram a mapear núcleos do que chamam "guerrilhas ideológicas" no governo. A mais nova disputa vem sendo travada entre a Infraero, a estatal aeroportuária, e a SNAC (Secretaria Nacional de Aviação Civil).
Relatos indicam que o secretário Juliano Noman vem defendendo a concessão de aeroportos regionais.
Prefeitos em São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia relataram a interlocutores do Planalto terem sido aconselhados por Noman a privatizarem seus aeroportos em vez de fecharem contratos com a Infraero.
O presidente Lula escolheu Rogério Amado Barzellay para comandar a Infraero. O plano é turbinar as receitas da empresa, que passaria a administrar aeroportos regionais.
Diversos prefeitos já foram acionados pela Infraero em busca de contratos. Em alguns casos, as propostas são surpreendentemente baixas. Em Macaé (RJ), aeroporto crucial para as operações da Petrobras, a estatal ofereceu R$ 40 mil mensais para administrar o aeroporto.
Em outra frente, o chefe da SAC, Juliano Noman, tenta incentivar essas prefeituras a entregarem a gestão para operadores.
O governo quer estimular investimentos em aeroportos regionais como forma de impulsionar a economia. Com voos regulares esses locais passam a ter mais chances de gerarem negócios.
Noman é técnico em aviação e com carreira pública na área construída, em boa parte em governos do PT. Foi alçado à presidência da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) no governo Jair Bolsonaro.
Em janeiro deste ano, o então ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França, o indicou para a Secretaria de Aviação Civil, cargo que assumiu em abril. Com a recente troca de comando na pasta, Noman foi mantido pelo ministro Silvio Costa Filho.
Na chefia da Anac, Noman foi considerado "excessivamente duro" por concessionários. É tido como defensor das privatizações no setor como forma de melhorar a prestação do serviço.
Outro lado
Procurado, o secretário negou atuar em desacordo com a política do governo. Ele afirmou, no entanto, que a SNAC "vai fortalecer cada vez mais o diálogo com o setor produtivo, prefeituras e governos para ajudar na modelagem das concessões e de novos aeroportos".
"O que nós estamos fazendo, sob a orientação do novo ministro de Portos e Aeroportos, é integrando cada vez mais a Secretaria Nacional de Aviação Civil com a Infraero", disse via assessoria.
Por meio de sua assessoria, a Infraero disse desconhecer o assunto.
Com Diego Felix
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