A queda de braço de moradores de bairros residenciais contra as chamadas dark kitchens, conglomerados de cozinhas de restaurantes que funcionam exclusivamente para delivery, teve novos capítulos nos últimos dias.
A Prefeitura de São Paulo suspendeu o alvará para a construção de um desses estabelecimentos no Jardim Fonte do Morumbi, região do Panamby. A decisão menciona divergências entre os projetos aprovados.
A empresa que realizava a obra foi identificada como São Paulo Ventura 14 Participações LTDA, ligada à Kitchen Central, que vem sendo alvo de críticas de movimentos como o "Kitchen Central Aqui Não!".
Em sua defesa, a Kitchen Central diz que "o projeto da unidade Panamby atende requisitos de preservação da área verde acima dos mínimos exigidos". Destaca ainda que o alvará foi suspenso, não cassado.
"Trata-se de comportamento conhecido de vizinhanças que adotam o lema de ‘no meu quintal, não’ e exemplifica a forma como alguns movimentos de bairro se posicionam contra determinadas mudanças em sua vizinhança", diz a empresa.
O episódio marca uma vitória para os moradores que pressionam a Câmara de São Paulo a aprovar um projeto de lei que regulamenta as dark kitchens. Entre as propostas, está a proibição do funcionamento dos estabelecimentos durante a madrugada, entre a 1h e as 5h, a menos que providenciem adequação acústica.
O caso passou por audiência pública na Câmara no mês passado. Vizinho de uma dark kitchen, um morador do Brooklin disse que o filho foi chamado de "bacon" na escola por cheirar a gordura.
Segundo Roberto Delmanto Junior, fundador do coletivo SOS Panamby e que estava presente em uma das audiências, o que mais incomoda é o odor e a fumaça. "Uma coisa é uma pizzaria, uma churrascaria. Outra coisa são 32 operando ao mesmo tempo, quase 24 horas por dia", diz.
Joana Cunha com Paulo Ricardo Martins e Gilmara Santos
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