Candidato a vice-presidente de Jair Bolsonaro (PL), o general Walter Braga Netto chamou a atenção em novembro de 2022, após a derrota para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno da eleição presidencial, por uma fala enigmática a apoiadores que cobravam alguma providência em relação ao resultado das urnas.
No dia 18 daquele mês, o general e ex-ministro da Defesa pediu aos bolsonaristas que estavam no cercadinho que não perdessem a fé.
"Vocês, não percam a fé. É só o que eu posso falar agora", disse Braga Netto. Uma mulher disse a ele que estavam sob a chuva, ao que o militar respondeu: "eu sei, senhora. Tem que dar um tempo, tá bom?".
Deflagrada nesta quinta-feira (8), a nova fase da operação da Polícia Federal que investiga uma tentativa de golpe de Estado para manter Bolsonaro na Presidência mostra que a fala do general aconteceu em meio aos principais dias de planejamento da tentativa de tomada do poder.
Em 12 de novembro, militares das Forças Especiais fizeram reunião em Brasília para tratar do plano golpista. Mauro Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro, participou do encontro. Uma semana depois, no dia 19, Filipe Martins, assessor de Bolsonaro, e Amauri Feres, advogado, participaram de reunião no Palácio da Alvorada para discutir a minuta do decreto que reverteria o resultado da eleição e prenderia autoridades.
Em 14 de dezembro, Braga Netto manifestou irritação com os comandantes do Exército e da Aeronáutica por, em sua visão, estarem resistindo ao plano de golpe militar.
Mensagens obtidas pela Polícia Federal que embasaram prisões e buscas nesta quinta-feira (8) mostram que Braga Netto teria chamado o então comandante do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, de "cagão" por não aderir à tentativa de golpe.
Em outras conversas, o general incentiva críticas ao então comandante da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista Júnior, a quem se refere como "traidor da pátria".
Braga Netto foi um dos alvos da operação da PF nesta quinta-feira (8), assim como Bolsonaro, os ex-ministros general Augusto Heleno (GSI), Anderson Torres (Justiça) e o ex-comandante do Exército Paulo Sérgio Nogueira, entre outros.
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