O empresário gaúcho Nestor Hermes, envolvido em diversas disputas de terras na divisa da Bahia com Goiás, recebeu na última sexta-feira (29) o título de cidadão baiano, concedido pela Assembleia Legislativa do estado.
Hermes é alvo há mais de duas décadas de processos que o acusam de atuar com funcionários armados com o objetivo de grilar terras na região. Como mostrou a Folha, desde o começo do ano passado mais de uma dezena de juízes se declarou suspeita e declinou de julgar processos relacionados ao empresário.
O autor da homenagem é o deputado estadual Manuel Rocha (União Brasil), que, na justificativa da convocação da sessão especial para entrega do título, afirmou que Nestor Hermes, desde que chegou à Bahia, "dedicou-se à agricultura, onde começou como arrendatário, depois foi adquirindo propriedades, e como resultado de muito trabalho teve uma atuação destacada no segmento do agronegócio."
Afirma ainda que ele é "responsável pela geração de milhares de empregos diretos e indiretos, contribuindo de forma significativa para o desenvolvimento e crescimento econômico" do estado.
Hermes e sua empresa já foram autuados em mais de R$ 1 milhão pelo Ibama por desmatamento e extração de areia ilegal. Em 2012, ele apareceu na "lista suja" de empregadores que submeteram trabalhadores a condições análogas à escravidão. No ano seguinte, firmou acordo com o Ministério Público do Trabalho e pagou indenização para limpar o nome.
À Folha, a defesa de Nestor Hermes afirmou que o empresário não é condenado em processos criminais, que não usa violência e que não há provas de relatos que vão de ameaças de morte a invasão e incêndio de propriedades.
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