Zhang Zhongmou ou Morris Chang, seu nome americano, nasceu na China, onde estudou até o primeiro ano de faculdade em Xangai. Saiu para cursar o MIT, fazendo carreira nos Estados Unidos até fundar a TSMC, em Taiwan.
É hoje a maior fabricante de chips ou semicondutores no mundo. A empresa produz 92% dos modelos mais avançados que são necessários para fabricar de smartphones a mísseis.
Há pouco mais de um mês, ele foi entrevistado publicamente na Brookings, uma instituição de Washington, com o tema "A fabricação de semicondutores pode retornar aos EUA?". Foi inclemente.
"Para começar, existe uma falta de talentos", falou, lembrando que a TSMC tem uma fábrica no estado americano de Oregon há 25 anos e tentou de tudo, "mas a diferença de custo se manteve igual, o mesmo produto tem um custo 50% maior que em Taiwan".
Agora, "por solicitação do governo americano" e com promessa de subsídio, está montando uma segunda fábrica. "Mas vocês estão falando em gastar só algumas dezenas de bilhões de dólares. Bom, não será o bastante."
Em suma, "será uma futilidade muito cara", que não resultará "competitiva nos mercados mundiais", de novo.
Zhang se referia ao projeto de lei que visa a destinar US$ 52 bilhões para a indústria nos EUA. Nas semanas que se seguiram à sua entrevista, segundo o New York Times, os "esforços lobistas" das empresas de semicondutores dispararam, cobrando aprovação.
Eric Schmidt, ex-CEO do Google, assinou um artigo no Wall Street Journal se esforçando para rebater os argumentos de Zhang, soando o alarme de que "a América está à beira de perder a competição em chips" para a China.
Colunistas no Financial Times e no Washington Post soltaram alertas, com mais tentativa de resposta a Zhang —e com lamento pelo "nosso sistema disfuncional", que não consegue aprovar o dinheiro.
O WSJ publicou que a Intel teria adiado sua nova fábrica, pela incerteza, e a CNBC salientou o apelo do CEO da empresa americana aos congressistas: "Por favor, não vacilem".
Pouco dada a lobbies, a Bloomberg informou nesta sexta (1º) que a demanda por semicondutores, na verdade, começou a cair, acompanhando a perspectiva crescente de recessão nos EUA. O mesmo acontece na Coreia do Sul.
Uma economia sem recessão à vista é a chinesa. E a mesma Bloomberg vem de noticiar que, passados três anos, as "Sanções dos EUA ajudam a China a turbinar sua fabricação de chips", com casos de sucesso como a YMTC, de Wuhan, relatado pelo japonês Nikkei.
A Bloomberg reportou que na China "a principal tendência é a busca pela autossuficiência" em semicondutores. Na quinta (30), em visita a Wuhan, como destacado do South China Morning Post à newsletter americana Sinocism, foi o que Xi Jinping enfatizou: "autossuficiência em tecnologia" e "independência no desenvolvimento".
Na Brookings, Zhang havia lamentado não poder mais vender para Huawei e outras chinesas, pelo embargo dos EUA. "Mas eu espero que isso mude. Que todos fiquem amigos. Foi assim que a TSMC prosperou, sendo fornecedora de semicondutores para todos. Repito, para todos".
Falou que não prevê guerra para Taiwan. Mas acrescentou que, se acontecer, chips serão o menor dos problemas.
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