Mônica Bergamo

Mônica Bergamo é jornalista e colunista.

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Descrição de chapéu São Paulo

Marçal dispara em SP, ameaça liderança de Bolsonaro na direita e vira alvo da família e de aliados

Coach chamou filho de ex-presidente de rancoroso e raivoso e foi xingado de cagão e 'filho da p.' pelos bolsonaristas

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O salto de Pablo Marçal (PRTB) nas pesquisas eleitorais, dragando votos entre eleitores bolsonaristas, levou a família de Jair Bolsonaro (PL) a contra-atacar o coach —e a tomar uma série de iniciativas nesta semana para reforçar o apoio à reeleição de Ricardo Nunes (MDB).

O Datafolha mostrou nesta quinta-feira (22) que Marçal cresceu sete pontos em duas semanas e está empatado na liderança da disputa pela Prefeitura de São Paulo.

Ele marcou 21%, no mesmo patamar do deputado Guilherme Boulos (PSOL), que oscilou de 22% para 23%, e do prefeito Ricardo Nunes, que foi de 23% para 19%.

O candidato à Prefeitura de São Paulo Pablo Marçal (PRTB) em debate promovido por Faap, Estadão e Terra, na capital paulista - Bruno Santos - 14.ago.2024/Folhapress

Pesquisas internas da campanha de Nunes às quais a família Bolsonaro tem acesso já indicavam a subida do coach nas sondagens.

A família e aliados próximos do ex-presidente decidiram, então, partir para o ataque sem tréguas a Marçal.

De acordo com interlocutores de Bolsonaro, a ficha dele e de seu grupo próximo caiu a partir do momento em que Marçal começou a conquistar votos de eleitores de direita mesmo sem o apoio do ex-presidente —e até mesmo criticando um de seus filhos, o vereador Carlos Bolsonaro.

O ex-presidente foi alertado de que isso seria uma ameaça à solidez de sua liderança na direita, inclusive no plano nacional.

No embate, Marçal chegou a ser chamado de "arregão" pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e de "filho da p." por um apoiador do ex-presidente.

Nesta quinta, o próprio Bolsonaro entrou em campo e respondeu a um comentário em que Marçal o elogiava dizendo "pra cima, capitão. Como você disse: eles vão sentir saudades de nós". O ex-presidente então postou: "Nós? Um abraço". Marçal fez a tréplica, pedindo que ele então devolvesse R$ 100 mil doados para a sua campanha presidencial.

Bolsonaro também distribuiu em suas listas de WhatsApp um vídeo em que Marçal afirmava que ele e Lula (PT) eram "farinha do mesmo saco". Com isso, quis reforçar que não apoia a pretensão do empresário de ser prefeito de São Paulo.

Já o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) escreveu no mesmo comentário em que o coach elogiava seu pai: "Estranho. Em 2022 você disse que a diferença entre Lula e Bolsonaro é que um deles tinha 1 dedo a menos. Só acordou agora? Tá parecendo até o [senador Hamilton] Mourão...".

Disse também que Marçal era "arregão" por se negar a dar entrevista ao influencer Paulo Figueiredo em que seria questionado sobre o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Pelo mesmo motivo, o bolsonarista Allan dos Santos chamou o coach de "filho da p." no Twitter.

Além de a família e aliados baterem boca com o próprio Marçal nas redes sociais nesta semana, houve movimentos para reforçar publicamente o apoio deles a Ricardo Nunes, numa tentativa de estancar o crescimento do coach nas pesquisas.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro chegou a gravar uma longa entrevista, ainda inédita, com Nunes questionando o prefeito sobre questões caras ao eleitorado bolsonarista, como drogas, desmilitarização, desarmamento e aborto.

Nunes pôde explicar até um vídeo em que ele aparece apoiando Joice Hasselmann. Candidata a vereadora, ela é considerada traidora e arqui-inimiga da família.

A conversa de Eduardo Bolsonaro com Nunes tem o objetivo de convencer o eleitorado bolsonarista de que o prefeito defende o que seriam seus valores, desmentindo ataques feitos a ele por Marçal. Ela será divulgada pelo parlamentar em pílulas em suas redes sociais.

Marçal até agora estava poupado Bolsonaro _mas não seus filhos. Na semana passada, ele afirmou em uma entrevista ao canal Brasil Paralelo que o vereador Carlos Bolsonaro "foi um cara importante para ganhar a eleição, na primeira [em 2018, quando Jair Bolsonaro foi eleito presidente] e determinante para perder a segunda [em 2022, quando Lula venceu]. Um cara rancoroso, raivoso, não fala com ninguém".

O coach tocou ainda em uma questão familiar delicada ao dizer que Carlos "não deixa o Bolsonaro seguir a [ex-primeira-dama] Michelle no Instagram, para você ter uma noção".

"A gente tem algumas pessoas dentro do bolsonarismo, tipo o Carlos Bolsonaro, que usam o sistema dele para ver se me ataca para ver se eu me levanto contra o pai dele. Eu não vou [me] levantar", disse ele em outra entrevista.

Ele também ironizou Eduardo Bolsonaro, postando uma foto em que aparece ao lado do filho do ex-presidente e dizendo: "Irmão, parabéns por dedicar a sua vida na luta contra os comunistas. Aqui em São Paulo deixa que tiro essa cambada do PT, PMDB, PSOL, PSDB e outros ordinários. Nunes e Boulos não representam os nossos princípios e valores. Você será o nosso Senador por São Paulo. Pra cima, irmão".

No dia 16, Bolsonaro chegou a elogiar Marçal em uma entrevista, dizendo que ele era "uma pessoa inteligente" que "tem suas virtudes". Disse ainda que Nunes não era o "candidato dos sonhos" do bolsonarismo, mostrando descontentamento com os rumos da campanha municipal.

O salto de Marçal nas sondagens, no entanto, fez com que bombeiros como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), e Fabio Wajngarten entrassem em campo para colocar água na fervura e reaproximar o ex-presidente do atual prefeito.


PIPOCA

O diretor Karim Aïnouz recebeu convidados na pré-estreia do filme "Motel Destino", dirigido por ele, no Reag Belas Artes, em São Paulo, na semana passada. O ator Iago Xavier, protagonista do longa, esteve lá. A cantora Liniker prestigiou a sessão.

com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH

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