O senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), que é líder do governo no Congresso, afirma esperar que os diretores do Banco Central votem por unanimidade nesta quarta (19) —mas não para congelar a taxa de juros, como espera o mercado, e sim para acentuar a sua queda.
Ele cita explicitamente Gabriel Galípolo, cotado para suceder Roberto Campos Neto na presidência da instituição, em dezembro, por indicação de Lula (PT).
"Tanto o Galípolo quanto todo o BC, qualquer um dos membros do Copom [Comitê de Política Monetária, que decide a taxa básica de juros, a Selic], precisam votar conforme os dados reais da economia brasileira, precisam julgar de acordo com a realidade", diz Randolfe.
"A inflação brasileira está dentro da meta, o desemprego está baixo, a economia está se recuperando", segue ele. "Paralisar a queda dos juros me parece que seria uma decisão mais política do que técnica", diz.
O senador apresentou um requerimento para que Roberto Campos Neto seja convocado a dar explicações ao parlamento sobre a manutenção da taxa de juros em patamares elevados, dificultando a atividade econômica –ao mesmo tempo em que se alinha com a oposição ao governo Lula.
Nos últimos 30 dias, Campos Neto jantou com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), na casa do apresentador Luciano Huck, recebeu homenagem de deputados bolsonaristas na Assembleia Legislativa de São Paulo e voltou a jantar com Tarcísio no Palácio dos Bandeirantes.
Sinalizou ainda que aceitaria um convite de Tarcísio para ser ministro da Fazenda caso ele se eleja presidente.
"O senhor Campos Neto tem que explicar algumas coisas", diz Randolfe. "Foi dada autonomia e independência ao BC para que seus diretores sejam independentes da política. Se ele aceita ocupar cargo no governo de um dos principais opositores [de Lula], ele tem que se explicar", segue o senador.
Randolfe reforça que Campos Neto em momento algum desmentiu a informação de que pode ocupar cargo em governos de Tarcísio.
"Só a possibilidade de Campos Neto vir a assumir algum cargo e não desmentir isso não combina com independência", diz ele.
com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH
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