A Câmara Municipal de São Paulo adiou a votação do projeto de lei (PL) que incorporaria o nome da cantora Rita Lee, que morreu há um ano, ao parque Ibirapuera, localizado na zona sul da capital paulista. A proposta havia sido aprovada em primeiro turno no mês passado, e a segunda votação ocorreria nesta quarta-feira (8).
O PL vai passar por uma reformulação. Em vez de mudar o nome do parque, o projeto irá propor a alteração do nome da praça da Paz, localizada dentro do espaço, para praça Rita Lee. A votação do novo texto deve ocorrer nas próximas semanas.
A alteração vem na esteira de um embate com o Conselho Gestor do parque, que enviou um ofício contra o projeto de lei. À coluna, a vereadora Luna Zarattini (PT), autora da proposta, diz que a alteração foi decidida em diálogo com o grupo.
"É importante ressaltar que, desde 2019, o parque está concessionado e, infelizmente, ao arrepio do contrato e do plano diretor, vem sendo descaracterizado. É sabido que a Rita Lee adorava o parque, mas se estivesse viva, provavelmente, não aprovaria ou não reconheceria o Ibirapuera como conheceu no passado", afirma o documento do Conselho Gestor, composto por 16 membros, sendo oito representantes da sociedade civil e oito do poder publico.
"Com uma breve visita ao Ibirapuera tem-se a certeza de que ele não é mais o mesmo, e alterar o seu nome será uma ação derradeira para mudança total do espaço", diz ainda. Um abaixo-assinado online contra a proposta foi lançado nesta quarta.
A Coordenação de Gestão de Parques e Biodiversidade, vinculada à Secretaria do Verde do Meio Ambiente da gestão de Ricardo Nunes (MDB), também foi contrária ao PL, argumentando que o nome parque Ibirapuera "já está culturalmente e internacionalmente consolidado".
A homenagem foi proposta em maio do ano passado pela vereadora Luna, dois dias após a morte da cantora. O velório de Rita aconteceu no Planetário do parque, do qual foi frequentadora ao longo da vida.
"Rita uma vez disse que, ao morrer, poderia ter seu nome entregue a uma rua ou praça. Nada mais digno que seu nome esteja presente no parque Ibirapuera. Um patrimônio dá nome a outro", justificou a vereadora na proposta.
O Ibirapuera é administrado pela Urbia. O contrato de concessão permite à empresa a comercialização dos namings rights do parque. "No entanto, não há qualquer negociação para venda do nome", diz a Urbia, em nota enviada à coluna.
com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH
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