� economista. Na coluna, tratou das grandes discuss�es econ�micas internacionais adaptadas ao contexto brasileiro.
Agenda Brasil
O que esperar quando a presidente da Rep�blica, assombrada pelos mais baixos �ndices de aprova��o da hist�ria, emparedada pelo Congresso e atormentada pelos protestos agora explicitamente dirigidos contra ela, resolve formular agenda para "avan�ar" selando pacto com um dos menos confi�veis membros de sua coaliz�o?
Como avaliar a probabilidade de sucesso da chamada agenda positiva, que inclui n�o menos do que 43 medidas? Medidas que abrangem temas contenciosos como reforma trabalhista e previdenci�ria, al�m de uma ader�ncia mais rigorosa � Lei de Responsabilidade Fiscal?
Essas s�o algumas das perguntas que cercam a Agenda Brasil, suposta solu��o para os impasses que travaram o pa�s.
Antes de prosseguir, adianto revela��o nada surpreendente: algumas propostas inclu�das na Agenda Brasil seriam de extremo benef�cio para o pa�s. A institui��o formal de limites para a d�vida p�blica brasileira, previstos na Lei de Responsabilidade Fiscal e contemplada na Agenda Brasil, � urgente. A ado��o de travas para o endividamento p�blico n�o apenas melhoraria a solidez das contas p�blicas � frente como impediria estripulias tentadoras: os vultosos e sistem�ticos repasses do Tesouro para o BNDES, a farra das opera��es compromissadas, que, nos �ltimos anos, deixaram de ser mero instrumento de gest�o de liquidez do Banco Central e se tornaram mecanismo de financiamento indireto do governo.
Contudo, a Agenda � ambiciosa. Para restaurar a governabilidade, o pacto firmado entre Dilma e Renan Calheiros prev� a aprova��o pelo Congresso de ao menos 5 das 43 medidas. S�o elas, segundo noticiou recentemente o "Valor Econ�mico": a reforma do PIS/Cofins, os dois tributos mais complexos do emaranhado sistema tribut�rio brasileiro; a desvincula��o das receitas para flexibilizar os gastos, algo que se persegue h� anos sem sucesso; a reonera��o da folha de pagamentos, medida recha�ada por Renan, hoje bandeira do Senado, o �ltimo basti�o de estabilidade, nos diz seu l�der; a flexibilidade do mercado de trabalho, ignorando os sindicatos, doa a quem doer, duela"� Deixe para l�. Como se isso n�o bastasse, o governo tamb�m vai lutar pelo aumento da idade de aposentadoria para 65 anos.
Cada uma dessas medidas est� h� d�cadas sob discuss�o sem que se chegue a um consenso. Afinal, os interesses dos sindicatos, dos aposentados, dos desempregados, dos trabalhadores, do pr�prio governo chocam-se frontalmente uns com os outros. Sem falar que algumas das medidas contidas na Agenda Brasil teriam impacto de curto prazo possivelmente negativo sobre uma economia j� em frangalhos.
Portanto, a expectativa de que um governo fraco, com baix�ssima aprova��o, enfrentando a amea�a de protestos e convuls�es sociais, al�m de um Congresso abertamente hostil, seja capaz de levar adiante essa "solu��o" para a crise � dif�cil de sustentar.
Nos �ltimos dias, parece ter aumentado a percep��o de que est� nas m�os da presidente Dilma dar dire��o ao pa�s mostrando lideran�a e dialogando com o Congresso. Ora, tal percep��o se esborracha quando se toma a Agenda Brasil por aquilo que de fato �: nada al�m de uma lista de boas inten��es desconectada da realidade pol�tica e social do pa�s, amparada em alian�a para l� de fr�gil. Durma-se com mais um barulho desses.
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