� economista. Na coluna, tratou das grandes discuss�es econ�micas internacionais adaptadas ao contexto brasileiro.
A morte da borboleta azul
A redu��o da meta fiscal para 2015, de 1,1% do PIB para m�sero 0,15%, n�o � vit�ria dos refrat�rios � austeridade, tampouco derrota de Levy. Como bem disse o ministro da Fazenda em recente entrevista, a revis�o da meta foi fruto de um Congresso que "n�o ajuda", um Congresso em crise.
O que o ministro n�o disse � que o Congresso hostil reflete o rep�dio � sua chefe, al�m da completa falta de habilidade pol�tica da presidente. Contudo, n�o � de hoje que o pa�s est� sem meta. H� quatro anos e sete meses, o Brasil escolheu o caminho que desaguou na pior crise econ�mica em 20 anos.
A recess�o, o desemprego, a infla��o, nada disso � fruto do ajuste fiscal que nem sequer foi implantado. Os problemas que assombram os brasileiros s�o o resultado nefasto de desmandos sobrepostos na condu��o da pol�tica econ�mica.
Ao longo dos �ltimos anos, antes de ser colunista deste jornal, escrevi muitos artigos sobre a m� gest�o da economia brasileira. Em um deles, publicado no "Globo a Mais" de setembro de 2012, tratei da triste hist�ria da borboleta azul.
Fim dos anos 1970, sul da Inglaterra. Infesta��o in�dita de coelhos amea�ava os prados verdejantes e as planta��es das fazendas da regi�o, levando os produtores a declarar que uma crise ambiental estava prestes a ocorrer e a pedir socorro ao governo.
Para evitar um massacre possivelmente infrut�fero de coelhos, j� que a taxa de reprodu��o dos animais � quase inigual�vel na natureza, as autoridades encontraram uma solu��o "brilhante". Inocularam os bichinhos com um v�rus que os deixava let�rgicos, mais suscet�veis aos seus predadores naturais, menos libidinosos.
Inicialmente, o experimento foi um sucesso. A popula��o de coelhos caiu, preservando as planta��es e evitando a temida cat�strofe. Contudo, a estrada para o inferno � pavimentada de boas inten��es, como diz o famoso aforismo.
Com menos coelhos, ervas daninhas proliferaram e a grama cresceu mais do que o normal. O crescimento da grama acabou aniquilando a popula��o de um tipo de formiga que s� sobrevivia alimentando-se da grama mais baixa. Infelizmente, essa formiga tinha la�os estreitos com a borboleta azul, carregando seus ovos para o formigueiro e cuidando de suas larvas at� que se tornassem lagartas adultas. Sem a prote��o das formigas, os ovos da borboleta azul ficaram expostos aos predadores. Um dia, a borboleta azul sumiu para sempre do sul da Inglaterra.
A presidente Dilma Rousseff passou quatro anos inoculando a economia com o v�rus da letargia. Fez transforma��o radical na condu��o da pol�tica macroecon�mica brasileira, assessorada por renomados "heterodoxos". Introduziu medidas protecionistas, piorando a conhecida falta de competitividade das empresas nacionais. Turbinou o cr�dito p�blico desarrumando os mercados e enfraquecendo os juros como instrumento de combate inflacion�rio. Obliterou a credibilidade fiscal do Brasil ao permitir "pedaladas" e outras formas s�rdidas para mascarar a implos�o dos alicerces das contas p�blicas brasileiras. Matou a borboleta azul.
Ao falar sobretudo isso em 2012, afirmei que matar�amos a borboleta azul e sobraria a lagarta vermelha, aquela que se transforma, na melhor das hip�teses, apenas numa mariposa cinza. Dito e feito.
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