� economista. Na coluna, tratou das grandes discuss�es econ�micas internacionais adaptadas ao contexto brasileiro.
Dilma nos EUA
Jogo de soma zero � express�o que significa que, se um lado ganha em uma rela��o de trocas qualquer, a outra parte sempre perde. A soma do que cabe a um e a outro, portanto, � zero. De todas as fal�cias que circulam livres por a�, entre todos os lugares-comuns que confundem alhos com bugalhos quando se trata de economia, campe� � a ideia de que o com�rcio entre dois pa�ses � jogo de soma zero. Querem ver?
Pesquisa feita em 64 munic�pios brasileiros com mais de 20 mil entrevistados conduzida pela IdeiaIntelig�ncia constatou que 41% das pessoas discordam da premissa de que a aproxima��o entre o Brasil e os Estados Unidos geraria mais empregos e oportunidades de trabalho para os brasileiros; e que 52% acham que, nessa rela��o, a renda e o emprego dos americanos aumentariam em detrimento dos rendimentos e das oportunidades acess�veis aos brasileiros.
No entanto, 55% das pessoas pensam que la�os mais estreitos entre o Brasil e os EUA melhorariam a oferta de bens de qualidade –nada contra a mandioca. Ao mesmo tempo, 73% dos entrevistados acreditam que o fim da exig�ncia de vistos para entrada nos EUA traria importante melhoria na vida de cada um.
N�o � extraordin�rio? O com�rcio internacional, que a literatura acad�mica j� mostrou –exaustivamente, diga-se– ser vantajoso para todos os envolvidos, � percebido pela popula��o como algo ruim. Como no Brasil, a mesma percep��o prevalece em diversos pa�ses, inclusive nos EUA. Basta ver as declara��es de diversos l�deres do Partido Democrata contr�rios ao Trans-Pacific Partnership, o mega-acordo comercial entre os EUA e mais 11 na��es que dever� ser aprovado at� o fim do ano.
Mas, se os brasileiros acham que ampliar o com�rcio entre as empresas brasileiras e americanas � ruim, eles t�m certeza de que viajar para as terras de Tio Sam sem restri��es � algo muito, muito bom. Assim como � bom comprar tudo o que o pa�s de Obama produz.
O com�rcio facilitado, como ocorre por meio dos acordos de livre-com�rcio que tantos pa�ses negociam entre si, aumenta a disponibilidade de bens estrangeiros no pa�s. Mas o com�rcio � ruim; comprar bens americanos � que � bom.
Se o governo brasileiro soubesse explicar para a popula��o que mais com�rcio entre o Brasil e os EUA significa maior disponibilidade de bens de qualidade, al�m de fomentar concorr�ncia saud�vel entre produtos estrangeiros e nacionais reduzindo custos e pre�os, a visita recente de Dilma aos EUA poderia ter feito o impens�vel nas atuais circunst�ncias: elevar a sua popularidade.
Se o governo brasileiro tivesse ensaiado a aproxima��o com os Estados Unidos h� algum tempo, qui�� tivesse conseguido at� avan�ar na quest�o do fim de exig�ncia de vistos para os viajantes brasileiros.
Diante do veredicto dado pelo povo, imagine o que isso n�o teria feito pela popularidade da presidente? A presidente que, nas entrevistas concedidas, n�o se fartou em comentar a agenda dom�stica, deixando de lado as manchetes positivas que poderiam ter sa�do de sua breve passagem por Nova York e Washington –os avan�os na �rea ambiental, por exemplo.
Mas o Brasil continua na fase dos slogans vazios. "Mais Brasil no mundo", exortou a presidente, "mais mundo no Brasil", arrematou. Assim ficamos.
Livraria da Folha
- Cole��o "Cinema Policial" re�ne quatro filmes de grandes diretores
- Soci�logo discute transforma��es do s�culo 21 em "A Era do Imprevisto"
- Livro de escritora russa compila contos de fada assustadores; leia trecho
- Box de DVD re�ne dupla de cl�ssicos de Andrei Tark�vski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade