� economista. Na coluna, tratou das grandes discuss�es econ�micas internacionais adaptadas ao contexto brasileiro.
A pol�tica e o violino
"O Poder � como o violino. Toma-se com a esquerda e toca-se com a direita" (Esperidi�o Amin)
Pois n�o � que � (quase) verdade? No Brasil, o PT tomou com a esquerda e tocou a pol�tica econ�mica, se n�o com a direita, por certo com pragmatismo desprovido de ideologia at� a elei��o da presidente Dilma, em 2010.
Da� em diante, o poder foi novamente tomado pela esquerda, mas se tentou tocar a pol�tica econ�mica tamb�m com a esquerda.
Para quem j� segurou um violino –ou um viol�o–, a impossibilidade de tomar e tocar com a esquerda � �bvia. N�o sai nota sequer ou, se sair algo, � pura disson�ncia. A violinista desajeitada do primeiro mandato n�o teve escolha no segundo. Tomou com a esquerda, mas chamou gente que sabe tocar para fazer o resto.
Algo semelhante ocorre no Chile de Michelle Bachelet. O Chile de Bachelet anda assolado, veja s�, com uma crise pol�tica e esc�ndalos de corrup��o. Decorridos alguns meses das elei��es, a popularidade da presidente chilena caiu de 62% para 29% –n�o s�o os 13% de Dilma, mas � queda expressiva.
Quais as raz�es? De um lado, a desacelera��o econ�mica: depois de crescer mais de 4% em 2013, a expans�o do PIB do Chile caiu pela metade em 2014, em raz�o da desvaloriza��o das commodities, sobretudo do pre�o do cobre, principal produto de exporta��o do pa�s.
Embora o Chile esteja passando por momento de recupera��o, com esperan�a de que cres�a perto de 3% em 2015, as not�cias da economia n�o t�m sido capazes de abafar os esc�ndalos de corrup��o, tampouco de se sobrepor ao desassossego com a lentid�o das reformas prometidas por Bachelet, sobretudo na educa��o. O resultado? A presidente acaba de demitir boa parte de seu minist�rio, trocando Alberto Arenas por Rodrigo Vald�s na Fazenda.
Al�m de ser a primeira vez desde os anos 1990 que o Chile troca um ministro da Fazenda no meio do governo, h� outro fato interessante: Arenas, que foi respons�vel pelo Or�amento no primeiro governo Bachelet e levou a cabo as reformas previdenci�rias do pa�s entre 2006 e 2010, toca pela esquerda: � membro do Partido Socialista. J� Vald�s � doutor pelo prestigiado MIT, trabalhou no Barclays em Nova York e � egresso do FMI.
Tocar pela (centro) direita como receita para o "sucesso" � o tema da mais recente coluna de David Brooks, jornalista do di�rio "The New York Times", jornal para progressista nenhum botar defeito. Em tempo: "progressista" nos EUA est� (mais ou menos) para a "esquerda" moderada brasileira.
Afirma Brooks que a maior surpresa da atualidade � aquilo que n�o aconteceu: ao contr�rio do que se imaginava, o mundo n�o deu uma guinada para a esquerda, a despeito da crise de 2008, do aumento da desigualdade, da falta de apoio popular �s posi��es da velha direita em rela��o �s grandes quest�es sociais.
Brooks cita o exemplo da vit�ria de David Cameron no Reino Unido, um pol�tico progressista na pol�tica social, verde-que-te-quero-verde no ambiente e pragmaticamente conservador na pol�tica econ�mica. Cameron venceu porque sabe tomar pela esquerda em certos assuntos, armar pelo centro e tocar pela direita quando a necessidade se imp�e. Est� a� uma reflex�o para o engessado debate pol�tico brasileiro.
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