� economista. Na coluna, tratou das grandes discuss�es econ�micas internacionais adaptadas ao contexto brasileiro.
Produtividade n�o � man� dos c�us
Muito se fala da falta de produtividade dos pa�ses latino-americanos, em compara��o com seus pares emergentes. O BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) acaba de lan�ar livro intitulado "Rethinking Productive Development" –n�o � preciso ir al�m das p�ginas iniciais para encontrar o diagn�stico: diante da produtividade baixa da Am�rica Latina, �s pol�ticas p�blicas cabe o papel de resgat�-la.
Diagn�stico semelhante foi elaborado por Jos� De Gregorio (ver "From Rapid Recovery to Slowdown: Why Recent Economic Growth in Latin America has been Slow", Peterson Institute for International Economics).
Em comum, esses estudos argumentam que a produtividade n�o � man� dos c�us: � preciso construir as condi��es para que as economias se tornem mais produtivas.
A quem cabe essa responsabilidade? O livro do BID –que ainda n�o terminei de ler– insiste na cria��o de institui��es que fomentem a produtividade, ou seja, no papel do governo como agente indutor da maior efici�ncia econ�mica.
Contudo, um r�pido passar de olhos pela regi�o sugere que institui��es todos n�s as temos de sobra -o Brasil com seu BNDES, os pa�ses andinos com sua CAF (Corpora��o Andina de Fomento), e por a� vai.
O que parece faltar a todos n�s, latino-americanos, � uma vis�o clara acerca do papel dessas institui��es: l� est�o para substituir mercados ou para incentivar o surgimento de mecanismos que promovam o desenvolvimento econ�mico? Isto �, deveriam ser essas institui��es protagonistas do desenvolvimento ou agentes facilitadores desse processo, encarregadas apenas do desenho de incentivos para promover a efici�ncia, melhorar o ambiente de neg�cios, aprofundar os mercados de capitais?
Pense no BNDES. O banco tem entre seus principais clientes as maiores empresas do pa�s. Segundo um relat�rio recente do FMI, 41% da carteira de empr�stimos do BNDES atende as dez maiores companhias brasileiras.
Considere as implica��es disso: n�o s� o BNDES est� direcionando recursos para quem tem acesso aos mercados privados de capitais, impedindo que esses empr�stimos atendam �s pequenas e �s m�dias empresas, como essa atua��o gera graves distor��es.
A mais importante � que a concess�o de cr�dito subsidiado para quem poderia receb�-los do mercado –sem subs�dio, � verdade– segmenta o mercado de cr�dito de forma prejudicial � economia.
A pol�tica monet�ria, por exemplo, n�o consegue influenciar parte relevante da demanda por cr�dito, limitando o papel dos juros no combate � infla��o. Al�m disso, ao emprestar para as empresas com melhor perfil de risco –afinal, s�o as maiores do pa�s–, o BNDES cria uma esp�cie de sele��o adversa: sobram para os bancos privados empresas com risco maior, para as quais t�m de cobrar taxas de juros mais elevadas.
A reformula��o do papel do BNDES � um passo no longo caminho de resgate da produtividade brasileira –o governo parece empenhado em tom�-lo. � disto que a regi�o precisa: institui��es de desenvolvimento que cumpram seu verdadeiro papel, n�o de institui��es que ocupem espa�os indevidos.
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