No Dia Internacional da Mulher, 8 de março, chorei de emoção quando ganhei um presente maravilhoso: fui escolhida para representar a primeira Mônica de 60 anos. Não consigo descrever a minha alegria ao ver o meu desenho no Instagram da "Turma da Mônica", representando a Mônica 60+, a "mais nova Dona da Rua", com a mesma pose, a mesma camisa azul e o mesmo jeitinho de uma das minhas fotografias mais recentes. Fiquei ainda mais feliz ao ler as matérias que saíram sobre a homenagem que recebi.
"Mirian Goldenberg é a Mônica da vida real na luta pela aceitação da velhice. A Mauricio de Sousa Produções lança luz sobre as conquistas femininas após os 60, começando com a antropóloga que vive a revolução da maturidade. Nascida na cidade de Santos, Mirian não apenas trilhou um caminho acadêmico exemplar, tornando-se professora titular do Departamento de Antropologia Cultural da Universidade Federal do Rio de Janeiro, mas também dedicou sua vida a estudar e combater a ‘velhofobia’. Seu compromisso inabalável com a valorização do envelhecimento a tornou uma voz líder no debate sobre a dignidade e a beleza da maturidade. Representada pela icônica personagem Mônica, a antropóloga recebe não apenas um tributo à sua trajetória, mas também se torna um símbolo da luta contra os preconceitos relacionados à idade. Sua mensagem é clara: lutar contra a velhofobia é uma batalha pela dignidade de todos, independentemente da idade. Ao destacar a trajetória de mulheres extraordinárias como Mirian, a Mauricio de Sousa Produções inspira meninas e mulheres a perseguirem seus sonhos e a reconhecerem o valor imenso que a experiência e a sabedoria trazem para nossas vidas e sociedades" (Jornal de Brasília, 11/03/2024).
"Representada pela personagem Mônica, a antropóloga Mirian Goldenberg ganhou reconhecimento nacional por seu compromisso na batalha contra o etarismo. Mirian entra para o hall das homenageadas do projeto ‘Donas da Rua’, que tem por objetivo trazer mais visibilidade às mulheres notáveis para inspirar meninas e outras mulheres a buscarem seu espaço em áreas como artes, ciências, esportes e literatura. Mirian desempenha um papel crucial na pesquisa sobre o envelhecimento da população no país, sendo apelidada de ‘escutadora de velhinhos’ por seus amigos nonagenários. Mirian escreveu inúmeros textos ligados às mulheres e se apaixonou pelo tema do envelhecimento e da felicidade: ‘Lutar contra a velhofobia é lutar pela nossa própria velhice e dos nossos filhos e netos. No século passado, tivemos a revolução das mulheres, e neste século, teremos a revolução das pessoas de mais idade. Eu falo para todo mundo que eu tenho 93 anos porque eu vivo como uma pessoa de mais de 90 anos, que são as pessoas que eu mais amo de paixão’, pontua a escritora". (Publishnews,12/03/2024).
A minha querida amiga Marcella Franco contou como Mônica, "a líder da turma mais famosa do Brasil", nasceu em uma tirinha na Folha (Folha de S.Paulo, 03/03/2023).
"Em 3 de março de 1963, um Cebolinha meio mal-educado encontrou pela frente uma menina com seu bichinho de pelúcia favorito. Mandou-a sair dali e, como resposta, ganhou uma coelhada na cabeça". Mauricio de Sousa, "o pai da Mônica dos quadrinhos e da Mônica da vida real", se inspirou na "personalidade forte, liderança natural e força mental" da sua filha de dois anos para desenhar "a menina que lhe daria fama e que faria tantas gerações de leitores felizes".
Quero destacar um fato curioso: muita gente costuma trocar meu nome. E adivinhem como me chamam? Mônica! Quase todos os dias alguém me chama de Mônica. Por que será?
Adoro quando me chamam de Mônica porque nunca gostei do meu nome. Provavelmente porque, quando criança, só escutava "Mirian" aos berros em situações familiares de brigas violentas. E também porque, frequentemente, escrevem meu nome errado: Miriam com m e Goldemberg com m, mesmo quando aviso: "É Mirian com n e Goldenberg com n".
Ser homenageada como a Mônica 60+ me fez refletir sobre questões que sempre me inquietaram. Como, apesar dos meus medos, ansiedades e inseguranças, acabei me expondo tanto em um mundo tão competitivo e agressivo? Por que, na hora em que preciso falar em público, dar palestras e participar de programas de televisão, parece que "baixa um santo" e me transformo em uma Mirian muito diferente da Mirian que eu conheço?
No Dia Internacional da Mulher, quando me tornei representante da Mônica 60+, tive uma pequena epifania. Não sou apenas a Mirian tímida, frágil e insegura; posso ser também a Mônica forte, ousada e corajosa. Dentro de mim, mora uma Mônica que só aparece quando preciso enfrentar situações que me provocam medo, angústia e ansiedade. Mas, em vez de ter um coelhinho para me defender das implicâncias e xingamentos do Cebolinha, tenho livros, cadernos e canetas como minhas armas mais poderosas.
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