Pioneira na internet no Brasil, liderou a equipe que criou a FolhaWeb em julho de 1995 e foi diretora de conte�do do UOL de 1996 a 2011.
Felizes no Facebook?
Na �ltima semana, �s v�speras do Dia das Crian�as, o Facebook se encheu de fotos de inf�ncia. Apareceram milhares de carinhas incr�veis, bonitinhas e sorridentes, substituindo as fotos habituais dos adultos. Talvez voc�, leitor, tamb�m tenha publicado a sua. Minha irm� publicou uma linda, nossa. Foi uma onda infantil que arrancou sorrisos, trouxe surpresas, lembran�as e provocou saudade.
Cartunista Alpino | ||
O Facebook tem desses fen�menos, como quando se encheu de pessoas que mudaram seus sobrenomes Guarani-Kayow�, em outubro do ano passado, depois que �ndios do Mato Grosso do Sul, defendendo seu direito � terra e � vida, divulgaram uma carta aberta dram�tica interpretada como pren�ncio de suic�dio coletivo.
No caso do sobrenome ind�gena, o Facebook reagiu notificando os usu�rios, sob argumento de que informar nomes reais s�o uma premissa dos termos de uso do servi�o. Estragou a manifesta��o espont�nea e relevante em nome dos seus interesses empresariais. Mas como o Facebook vai saber se um nome � real e uma fotografia verdadeira? V�o pedir documentos? Adiantaria? Claro que n�o.
O Facebook j� est� infestado de perfis falsos. N�o s� daqueles que os amigos fazem para "divulgar" uma pessoa conhecida que n�o est� a fim de entrar na rede social. A rede est� cheia de perfis falsos mesmo, daqueles mal-intencionados. Do tipo um Bradesco Sa�de que vende seguro SulAm�rica, que deve pagar o Facebook para ter livre acesso � minha caixa postal.
Nos �ltimos meses comecei a receber mensagens privadas de pessoas que desconhe�o, com um lenga-lenga estranho, impessoal. V�rias dessas mensagens eram de remetentes mulheres, com caras sugestivas, oferecendo o envio de fotos. Desconfio que o neg�cio desses remetentes seja pornografia ou prostitui��o, mas n�o vou perder tempo em conferir.
Problema do Facebook: #ficaadica. J� cansei de prestar servi�os gratuitos para grandes corpora��es. Enquanto tenho um restinho de paci�ncia, apago ou esque�o. Quando n�o tiver mais, abandono o servi�o, como j� abandonei tantos outros, que desapareceram com o tempo.
Enquanto penso nessas coisas recebo um estranho documento do meu colega jornalista Guilherme Kujawski. Uma pesquisa realizada por profissionais dos departamentos de psicologia das universidades de Michigan, nos Estados Unidos, e de Leuven, na B�lgica, relacionou o uso de Facebook e com bem-estar --ou com mal-estar.
N�o, os resultados n�o mostram o mundo cor de rosa que tentam nos vender de uma vida tanto mais feliz quanto mais conectada. A vida dos facebookianos pode at� parecer uma campanha publicit�ria de margarina, com seus rostos alegres, bonitos e ensolarados. As melhores fotos s�o escolhidas a dedo, os sofrimentos s�o em geral escondidos e as informa��es que podem servir � imagem, � fama ou � vaidade das pessoas s�o publicadas ininterruptamente, sem parar.
Eu n�o aguento mais ser informada diariamente que fulano fez "check-in" no mesmo tal lugar, que deve parecer chique para ele, penso eu. Poupe-me! Pense no tempo de leitura que voc� me rouba! Ou voc� est� pedindo para que eu deixe de "te seguir"?
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