Economista, diplomata e cientista social, dirige o BRICLab da Universidade Columbia em NY, onde � professor-adjunto de rela��es internacionais e pol�ticas p�blicas. Escreve �s quartas.
Em que apostam os otimistas com o Brasil?
H� no mundo uma enorme expectativa quanto ao resultado das elei��es do ano que vem no Brasil.
A depender da pol�tica brasileira, o pa�s pode ter rapidamente sua bolsa superando a marca dos 100 mil pontos e acelerar o processo de libera��o de investimentos em �reas de infraestrutura como portos, rodovias e ferrovias.
Nacho Doce - 26.jul.2017/Reuters | ||
Homem prepara para carregar caminh�o de milho em Sorriso (MT) em julho |
Ao contr�rio, o pa�s experimentaria um prolongamento da incerteza, dependendo do caminho que escolher.
Muitos apostam na primeira hip�tese. Neles, prevalecem as for�as da esperan�a sobre as da experi�ncia. S�o os otimistas com o Brasil.
� ineg�vel, claro, a decep��o com agenda de reformas que se imaginava estar mais avan�ada neste momento, como a da Previd�ncia e a tribut�ria.
Mas para os otimistas, no geral, � not�vel a satisfa��o pela ado��o de medidas como o teto de gastos e a reforma trabalhista. O Brasil est� melhor agora do que h� um ano e meio. Essa � tamb�m a percep��o tamb�m do investidor externo otimista.
Em 2017, conseguiremos trazer a taxa de infla��o para baixo da meta fixada pelo governo, n�vel que estava em dois d�gitos h� cerca de dois anos. Nesse aspecto, a impress�o � de que ocorreu um verdadeiro milagre no Brasil. N�o s� o pa�s parou de piorar, como assumiu uma trajet�ria de crescimento com a ind�stria, que estava dormente h� muito tempo, num papel importante de retomada, e os n�meros de novembro passado revelam isso.
Tamb�m se v� com satisfa��o a melhoria do patamar de governan�a em unidades controladas pelo governo, como � o caso da Petrobras, da Eletrobras e do BNDES. Al�m disso, os otimistas ressaltam sua vis�o do "avan�o institucional brasileiro" ilustrado pela figura da Lava Jato.
H� nos otimistas um pouco a ideia de que a transpar�ncia vai avan�ar tanto no Brasil como resultado da Lava Jato que, no m�dio prazo, aqueles que colocarem suas apostas no Brasil v�o acabar recebendo b�nus importantes.
S�o tr�s as agendas em que os otimistas entendem que o Brasil precisa avan�ar: a primeira � a do equil�brio fiscal; a segunda, das reformas, e a terceira � o Brasil ter uma vis�o m�nima de estrat�gia para lidar com as oportunidades e afastar os riscos que est�o passando no horizonte.
O ajuste macroecon�mico deu uma boa melhorada por conta da queda da taxa de infla��o, o que diminui colateralmente o servi�o da d�vida brasileira e houve uma aprecia��o do real sem necessariamente diminuir o ritmo das exporta��es.
Isso tudo ainda n�o � suficiente para solucionar o rombo deixado no �ltimo per�odo, sobretudo de Dilma, o que faz com que a quest�o fiscal ainda n�o esteja resolvida e ela passe para al�m da discuss�o de corte de gastos e tenha de entrar no tema das reformas estruturais.
Os otimistas enxergam que o Brasil conseguiu limpar um pouco a �rea trabalhista, mas ainda tem o fardo dos impostos. Hoje a carga tribut�ria com o percentual do PIB � 36% no Brasil. Na China, que no papel � comunista, � a metade: 18%. No Chile, 25%.
Se fosse s� a carga tribut�ria era uma coisa, mas ainda tem o grau de complexidade e o montante de horas que empresas precisam dedicar para cumprir com suas obriga��es com o Fisco, o que faz o Brasil ocupar uma das �ltimas posi��es no ranking de facilidade de neg�cios. Isso, para os otimistas, mudar� com um presidente simplificador e pr�-mercado.
Outro ponto � a Previd�ncia, que caminha rapidamente para a trag�dia, assim como aconteceu na Gr�cia, em Portugal e na Espanha. Al�m disso, � preciso planejamento para lidar com o mundo hoje, em que metade da popula��o mundial tem uma renda m�dia de US$ 3.000 por ano e que vai crescer mais de 5% ao ano, todo ano, nos pr�ximos 15 anos. Quando cresce a renda a partir de tais patamares, se consomem mais alimentos, mais estrutura residencial e empresarial.
Para os otimistas, isso significa que o cen�rio internacional est� dando imensas oportunidades para o Brasil tornar-se ainda mais um grande exportador de alimentos, de mat�rias-primas minerais, e commodities agr�colas.
O ano de 2017 foi da retomada, eis a leitura dos otimistas. Para eles, em 2018, devemos ter um crescimento entre 2% e 3%, o que pode se acelerar ainda mais se ficar claro l� para o meio do ano que n�o teremos uma vit�ria nas urnas de uma candidatura intervencionista.
Em suma, otimistas com o Brasil apostam na vit�ria de um candidato pr�-mercado, comprometido com as reformas e um ambiente de neg�cios mais liberal. Ser� que eles est�o certos?
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