Em algum momento entre 2025 e 2030, o PIB nominal da China dever� superar o dos EUA. A economia chinesa ser� a maior do planeta.

O fato antecipar� em cerca de 20 anos as previs�es de Jim O'Neill, criador do acr�nimo "Brics". Ele apostara inicialmente que o "C" da sigla superaria a economia norte-americana em 2047.

	Damir Sagolj - 9.jul.2017/Reuters
	Volunt�rio acena de cabine que simula o ambiente espacial na Universidade Beihang, em Pequim

Quando isso ocorrer, o acontecimento vir� revestido de significado. At� a Revolu��o Industrial desencadear in�ditas for�as produtivas, sobretudo a partir de meados do s�culo 18, a China era a maior economia do mundo.

Quando, na pr�xima d�cada, a China superar em tamanho a economia dos EUA, observaremos um eclipse bem raro. Chegar� ao fim uma primazia que vem desde 1880, quando os EUA ultrapassaram a economia brit�nica.

� �poca, a Rainha Vit�ria regia um imp�rio "sobre o qual o Sol jamais se punha". O inquilino da Casa Branca era o pouco conhecido Rutherford Hayes.

Naturalmente, essa impressionante escalada chinesa repercute na maneira como as pessoas est�o se preparando para a economia global.

Quando eu era estudante no ensino m�dio, fiz interc�mbio numa high school americana. Jamais, h� 30 anos, passaria pela minha cabe�a ou de minha fam�lia estudar na China ou aprender mandarim.

Apenas para ficar no caso de nosso pa�s, � importante reconhecer que desde tenra idade alguns pais j� colocam suas crian�as para aprender os rudimentos de mandarim, com a mesma convic��o e naturalidade que at� h� um tempo se fazia, por exemplo, com o franc�s ou o alem�o. Muitas escolas de elite em n�vel fundamental passaram tamb�m a oferecer o mandarim como diferencial atrativo.

Nos cursos de bacharelado em rela��es internacionais —os mais disputados da �rea de humanas— � que crescente o n�mero daqueles que estudam mandarim. Mais que isso, querem fazer interc�mbio na China. Desejam estagiar e trabalhar em empresas chinesas.

Mesmo em �reas como economia ou administra��o, estou impressionado como alunos brasileiros hoje pensam e repensam antes de tomar a decis�o de estudar ingl�s e complementar estudos num pa�s angl�fono ou aprender mandarim e estudar na China.

Numa recente palestra em universidade brasileira sobre como construir uma carreira global, perguntaram-me se os jovens estariam se preparando melhor para o futuro da economia mundial se tivessem de mergulhar prioritariamente nos aspectos de "soft power" da civiliza��o angl�fona ou chinesa.

Comentei o assunto com amigos chineses, uns do ramo empresarial, outros da vida acad�mica. Alguns com neg�cios em t�xteis, infraestrutura ou computadores e outros s�o professores universit�rios. Perguntei a eles especificamente o que era melhor para os pr�ximos 25 anos, estudar ingl�s ou mandarim?

Todos me responderam com firmeza: o ingl�s. Dizem que hoje h� 300 milh�es de pessoas estudando ingl�s na China. Projetam que metade da popula��o chinesa com menos de 50 anos ser� fluente em ingl�s at� 2035.

Salientam, ainda, que a dist�ncia entre o mandarim corrente e o erudito � enorme. E, claro, que apenas o mandarim n�o resolve a imensa diversidade �tnica e lingu�stica da China. Apontam tamb�m que os chineses "importam" universidades americanas e brit�nicas para o solo chin�s.

Meus interlocutores chineses defendem, se poss�vel, dominar ingl�s e mandarim como o melhor dos mundos, mas que a� n�o sobra tanto tempo para estudar outras coisas talvez mais importantes.

Para n�s, brasileiros, al�m de nos aprimorar cada vez mais no portugu�s, � importante perceber que, mesmo para os sempre patri�ticos —mas pragm�ticos— chineses, o idioma corrente dos neg�cios continuar� sendo o ingl�s.