![marcos troyjo](http://f.i.uol.com.br/fotografia/2015/05/21/513511-115x150-1.jpeg)
Economista, diplomata e cientista social, dirige o BRICLab da Universidade Columbia em NY, onde � professor-adjunto de rela��es internacionais e pol�ticas p�blicas. Escreve �s quartas.
Para Vladimir Putin e R�ssia, 2016 foi um ano dourado
Alexei Nikolsky/Sputnik/Associated Press | ||
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O presidente da R�ssia, Vladimir Putin, discursa para agentes do Servi�o Secreto em Moscou |
O ano que se encerra promete n�o deixar saudades em muitas partes do mundo.
Na Am�rica Latina, o Brasil v�-se enredado em suas m�ltiplas crises. A Argentina, no rescaldo do kirchnerismo, tem desempenho decepcionante na economia. A Venezuela � um estado falido.
Col�mbia, Peru e Chile —juntamente com o M�xico (pa�s onde se sentem os principais danos colaterais da recente elei��o nos EUA)— ter�o de repensar suas estrat�gias de inser��o global.
� isso que resultar� da tend�ncia protecionista que ganha tra��o na Casa Branca. Trata-se de for�as que tamb�m impactam a �sia —num suspense que pode inibir a interdepend�ncia econ�mica no Pac�fico.
EUA em Europa ainda buscam se reequilibrar depois dos choques s�smicos do Brexit e da vit�ria de Trump. Ambos acontecimentos s�o mergulhos no desconhecido.
A China observa o crescimento econ�mico desacelerar e os n�meros de seu PIB n�o gozam de credibilidade junto a muitos agentes econ�micos. Indianos veem sua economia arremeter, mas se questiona at� quando isso pode continuar se Narendra Modi hesitar nas reformas estruturais. A �ndia cumprir� pouco de sua promessa se apenas amparar-se na formaliza��o do mercado de trabalho.
Em suma, para a maioria dos pa�ses, 2016 representa per�odo em que se consolidaram "tempestades perfeitas". Ou, na hip�tese menos sombria, um ano de subdesempenho e multiplica��o de incertezas.
H�, contudo, uma exce��o. 2016 foi um ano dourado para a R�ssia de Vladimir Putin. O mercado acion�rio russo teve 51% de valoriza��o medida em d�lar nos �ltimos doze meses. Neste ano, o PIB russo ainda experimentar� decl�nio de 0,6%, mas para 2017 volta a expectativa de crecimento que pode chegar a 2%.
O resultado das elei��es nos EUA e o que se projeta como lideran�a pol�tica na Europa, sobretudo se Fran�ois Fillon vencer a corrida presidencial na Fran�a, � uma atmosfera bem menos adversa a Moscou. Nesse cen�rio, � poss�vel cogitar o fim das san��es impostas � R�ssia desde que esta anexou a Crimeia.
A escolha de Rex Tillerson, executivo da ExxonMobil, para chefiar a diplomacia americana, garante ao Kremlin algu�m que entende as necessidades russas por seguran�a em seu entorno geogr�fico e convida a muitos cen�rios de coopera��o.
E isso se d� num instante em que Putin apostou na diversifica��o de sua op��es de pol�tica externa como pe�a-chave de suas cartadas geopol�ticas.
O presidente russo visitou o Jap�o e o interc�mbio com T�quio mostra-se em seu momento mais promissor das �ltimas d�cadas. Atenuou rela��es com a Turquia de Erdogan, o que lhe permite um frio c�lculo pol�tico para aquele pa�s mesmo ap�s o brutal assassinato de seu embaixador em Ancara. E, na destru�da S�ria, a R�ssia hoje � sem d�vida a pot�ncia mais determinante.
Putin atuou para que a Ar�bia Saudita concordasse em reduzir sua produ��o de petr�leo —levando ao aumento do barril da commodity, algo essencial para a sa�de macroecon�mica russa.
Trabalhou para aumentar a presen�a de s�cios do Oriente M�dio (como a de um cons�rcio de investimento do Qatar) na composi��o acion�ria da gigante de �leo e g�s Rosneft.
Uma capa de "The Economist" em outubro de 2015 mostrava Xi Jinping e Barack Obama jogando o p�quer da geopol�tica global.
Tinham como companhia um Putin descamisado e de �culos escuros, certamente "blefando" com as poucas cartas que tinha nas m�os para assegurar-lhe uma lugar � mesa dos que regem o mundo.
Goste-se ou n�o de Putin, e a julgar a predile��o do povo russo por l�deres fortes e posi��es de poder, tal "blefe" tem dado certo. Mais que tudo, 2016 foi ano em que os russos realimentaram o amor pr�prio. Sentem que seu pa�s voltou ao centro do palco da pol�tica mundial.
Nessa din�mica, Putin segue firme para que, nas elei��es presidenciais de 2018, assegure mais um ciclo no comando do Kremlin.
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