Conta a história que ao ver os paulistas derrotados na Guerra dos Emboabas (contra os portugueses que queriam controlar Minas Gerais), as mulheres de São Paulo recusaram-se a receber os maridos e fizeram uma greve de sexo. Isso foi no início do século 18. A peça "Lisístrata", do grego Aristófanes, narra um episódio semelhante, quando mulheres de Atenas exigiram o fim das guerras contra a inimiga Esparta (o episódio é narrado numa bonita canção de Chico Buarque).
Temos sido derrotados diariamente em uma guerra muito mais letal do que todas as outras, inclusive a dos Emboabas: o trânsito mata cerca de 40 mil brasileiros todos os anos, o equivalente a quase todos os americanos que morreram na Guerra do Vietnã.
E toda essa violência motorizada é um crime de gênero : 85% dos acidentes com vítimas são causados por homens.
Está provado que atacar o bolso de quem desrespeita as leis não é suficiente. As multas não surtem efeito, muitos infratores não pagam, carros rodam sem licença e motoristas dirigem sem carteira, como é o caso do que bateu e do que foi abalroado na tragédia na rodovia dos Imigrantes, no último dia 9.
O sexo é o órgão mais sensível do ser humano. Chegou a hora de usar recurso mais eficiente, atacar o homem no que ele mais preza: devemos mirar o exemplo daquelas mulheres de Atenas e de São Paulo, pedir que parceir@s sexuais de infratores no trânsito, sejam eles héteros, homos, trans ou como queiram, recusem-se a transar com eles.
Deixou de usar o cinto de segurança, vai conhecer o cinto de castidade. Parou em lugar proibido: o sexo fica estacionado por um dia. Atravessa o sinal amarelo: dois dias na mão! Sinal vermelho? Uma semana! Excesso de velocidade: vai dormir na sala. Perdeu a carteira de motorista? Só vai transar quando chegar a nova.
As testemunhas contam que a mulher do motorista do Mercedes-Benz, agora preso sob acusação de matar duas pessoas e ferir outras seis na tragédia da Imigrantes, cobrou do marido: "Você viu o que fez?" Ao que ele teria dito: "Eu já destruí minha vida, agora você tem que ficar do meu lado". Em verdade, ele destruiu diversas vidas, pelo menos oito no carro em que bateu, mais a de sua mulher, dele mesmo e seus familiares. E como elas, outras 40 mil famílias são destruídas anualmente pela perda de um ente querido para um tipo evitável de crime.
Tudo isso não aconteceria se os infratores brasileiros fossem punidos com a falta de sexo. Muito antes dos 50 anos, o motorista do Mercedes teria aprendido a conter o pé no acelerador, para poder manter outros prazeres.
Será a mais eficiente de todas as punições. A julgar pelos casos anteriores, das mulheres de Atenas e da São Paulo, vai passar para a história, será uma medida lembrada daqui a muitos séculos.
Acho até que ela poderia ser estendida também a todos os radialistas e políticos que atacam o que chamam de "indústria da multa", quando na verdade enfrentamos uma "indústria de mortes". Usou a expressão "indústria da multa": greve de sexo.
Então, dona Bia Doria: se o João voltar àquele mote de campanha, já viu, né? E tod@s @s outr@s parceir@s desses ogros que desrespeitam as leis de trânsito. Vamos lá, melhorar nossa qualidade de vida. Menos é mais! Caem as infrações, sobe o sexo; caem os acidentes, aumenta o prazer.
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