Depois de 100 anos de pesquisas, surge uma vacina contra a malária. A OMS (Organização Mundial da Saúde) anuncia a introdução, pela primeira vez, de imunizante para a malária provocada pelo Plasmodium falciparum.
Para Tedros A. Ghebrey, diretor-geral da OMS, “é um momento histórico. A tão esperada vacina contra malária para crianças é um avanço para a ciência, a saúde infantil e o controle da malária”.
Segundo a OMS, mais de 260 mil crianças africanas, com menos de cinco anos, morrem de malária anualmente.
Até o momento, mais de 2,3 milhões de doses da vacina RTS,S foram aplicadas em Gana, Quênia e Maláui —nos quais foi incorporada aos programas de vacinação— nos últimos meses, tendo sido observada significativa redução do tipo de malária grave e mortal.
A vacina do laboratório GlaxoSmithKline estimula o sistema imune das crianças a barrar o P. falciparum, predominante na África. O imunizante em questão é também o primeiro contra doenças parasitárias em geral.
Os testes com a vacina apontaram uma eficácia de cerca de 50% contra a malária grave no primeiro ano, valor que caiu para perto de zero no quarto ano. As pesquisas não mediram, porém, o impacto para evitar mortes.
O imunizante desenvolvido é aplicado em três doses em crianças entre os 5 e os 17 meses. Uma quarta dose ocorre cerca de 18 meses depois.
Protozoários são mais complexos do que vírus e bactérias. A busca por uma vacina contra a malária ocorria há cem anos, segundo Pedro Alonso, diretor do programa global de malária da OMS.
No Brasil, segundo o Boletim Epidemiológico Malária 2020, em 2019 foram notificados 157.454 casos de malária. No primeiro semestre de 2020, 60.713 casos, sendo 8.758 casos de malária falciparum.
A malária é provocada por um dos quatro tipos de parasitas (plasmódios) que infectam os humanos: P. falciparum, P. vivax, P. malariae e P. ovale. São transmitidos pelos mosquitos anofelinos.
Estudo publicado há vários anos pelo saudoso professor Luiz Hildebrando Pereira da Silva, com a colaboração de Vera E. Gama de Oliveira, na revista Ciência e Saúde Coletiva, aborda o desafio para o controle da disseminação da malária.
No Brasil, a doença é definida como “malária residual” com 70% de predominância pela malária vivax. E a resistência do P. falciparum ao tratamento pela cloroquina mostra a importância da nova vacina no combate à espécie mais virulenta da malária, que leva crianças à morte, com frequência.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.