Há cinco dias, dia 29 de março, começou em Minneapolis, Estados Unidos, o julgamento do ex-policial acusado de matar o negro George Floyd durante sua detenção no dia 25 de maio de 2020.
Sua defesa diz que ao prensar o joelho sobre o pescoço do detido estava seguindo o treinamento. Após 8 minutos e 46 segundos, Floyd estava morto.
Os médicos Jillian M. Berkman, Joseph A. Rosenthal e Altaf Saadi, do Massachusetts General Hospital, em Boston (EUA), relatam na revista Jama Neurology que na súbita suspensão da passagem de sangue para o cérebro, o paciente perde 1,9 milhão de neurônios por minuto.
Explicam que os departamentos de polícia dos Estados Unidos permitem aos policiais a técnica de restrições no pescoço de um detido, visando diminuir o fluxo sanguíneo para o cérebro para torná-lo temporariamente incapacitado.
Destacam, entretanto, a ausência de relatórios sobre suas eventuais complicações médicas.
Cerca de 70% do sangue para o cérebro segue pelas artérias carótidas, situadas no pescoço. Por elas passam de 600 a 700 ml de sangue por minuto.
A compressão das carótidas leva à diminuição do fluxo sanguíneo ao cérebro com perda da consciência em quatro segundos. Ela pode provocar posteriormente incapacidades e, se prolongada, a morte.
Em maio do ano passado, o programa Fantástico, da TV Globo, exibiu um vídeo com um policial militar imobilizando no chão, na periferia da zona sul de São Paulo, uma senhora negra.
Ele exercia pressão sobre o pescoço dela com um pé. Depois de alguns segundos, levantou o outro pé, colocando todo o seu peso sobre o pescoço da senhora deitada no chão, que sobreviveu.
Esperamos que em nosso meio esse tipo de treinamento não faça parte da formação de policiais para proteger a população.
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