O presidente Michel Temer deu um "passa fora" deselegante no ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD), ao dizer que o prefere no governo. Dias depois, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), tomou bronca de seu sogro, o ministro Moreira Franco (MDB), por tentar viabilizar sua candidatura criando rusgas com Meirelles e, assim, comprometendo a votação de medidas importantes para o governo como a reforma da Previdência e a privatização da Eletrobras.
Mesmo sem ter recebido um centavo de Temer durante seu governo, Geraldo Alckmin (PSDB) também disputa a vaga de "candidato do governo pró-mercado".
Temer definirá seu candidato, mas o mercado, essa entidade sem cara de que fazem parte banqueiros, investidores e grandes empresários, só apoiará quem tiver se viabilizado nas urnas. Nem Maia, nem Meirelles reúnem essas condições ainda.
O que vale agora são as coligações políticas, que já começaram e que, a partir de março, devem surtir efeitos nas pesquisas. Maia negociou apoio com PP e Solidariedade, avança no PR de Valdemar Costa Neto, e demais partidos da base de Temer.
Meirelles foi a estrela da propaganda partidária do PSD do ministro Gilberto Kassab, mas o partido pode se colocar à disposição de Temer, desde que o presidente apoie o candidato do PSDB (Serra ou Doria) em São Paulo, tendo Kassab como vice.
Acredita-se que, com a fragmentação da esquerda, Alckmin -que perdeu no segundo turno para Lula em 2006- poderia contar com os eleitores de São Paulo e do Sul. O desafio seria fechar com Minas Gerais, onde o MDB namora o PT de Fernando Pimentel, e ter um vice que abra portas no Nordeste. Em troca, o PMDB não apoiaria Paulo Skaf em São Paulo.
Nesse ensaio de quadrilha, ninguém ama ninguém, mas todo mundo busca um casamento perfeito. Para agradar ao mercado, a noiva tem de ser liberal, mas se não tiver dote (voto), não chega ao altar.
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