Mestre Tostão tocou, em sua coluna dominical nesta Folha, em uma série de pontos essenciais, os quais, por estarmos acostumados a com eles conviver, foram naturalizados.
E não são naturais. Os de injustiça social, então, são absolutamente inaceitáveis.
A miséria só é natural para quem a produz e considera que para poucos terem muito é inevitável que muitos tenham pouco.
Já os nossos hábitos em torno do futebol são incomparavelmente menos danosos à sociedade, embora firam gravemente nossa paixão.
Além dos costumes a que nos acostumamos, convivemos com perplexidades e perguntas terríveis se não soubéssemos as respostas.
Por exemplo.
Por que se alguém tem horror ao fascismo é necessariamente comunista?
Por que se alguém repele veementemente o bolsonarismo é automaticamente lulista?
Por que se alguém denuncia o terrorista Bibi Netanyahu é acusado de antissemitismo e a favor do Hamas?
Por que se alguém lembra que o ucraniano Volodimir Zelenski é um tipo detestável logo é considerado a favor do autocrata Vladimir Putin?
Por que se alguém diz que o Corinthians está tomado há anos de assalto é visto como anti-corintiano?
Por que se alguém fala que o Palmeiras está jogando mal é rotulado de anti-palmeirense?
Por que se alguém constata que o prefeito de São Paulo Ricardo Nunes é medíocre, e dissimulado, e o governador Tarcísio de Freitas é de extrema-direita, e dissimulado, a crítica é considerada radical?
Por que se alguém denuncia o ditador Nicolás Maduro por ter comprado o exército venezuelano para sobreviver é logo cancelado pelo esquerdismo que sofre de doença infantil?
E, finalmente, por que alguém não pode gostar dos Beatles e dos Rolling Stones?
As respostas, rara leitora e raro leitor, estão soprando ao vento, como canta Bob Dylan.
BRASILEIRÃO FAMINTO
O Campeonato Brasileiro não dá mole para ninguém.
No sábado (1º), em cinco jogos, nenhum mandante ganhou e quatro visitantes venceram.
O único anfitrião que ao menos empatou, o Fluminense, foi também o único a fazer gol, de pênalti e inexistente, contra o Juventude.
Ressalve-se a derrota do Grêmio, com reservas, para o Bragantino (2 a 0) e fora de casa, porque em Curitiba.
Mas o Cuiabá perdeu mais uma (1 a 0), nenhum ponto em cinco jogos, agora para o Inter, e talvez esteja precisando de António Oliveira de volta, embora ele também vá mal no Corinthians, derrotado inapelavelmente pelo Botafogo, apesar de pela contagem mínima.
E o campeão baiano Vitória perdeu para o Atlético Goianiense (2 a 0); tem apenas um ponto em seis jogos.
Veio o dia seguinte e o panorama permaneceu nos jogos da tarde: o Flamengo, como visitante, goleou o Vasco por 6 a 1, mesmo que o Maracanã seja campo neutro; o Palmeiras fez 2 a 1 no Criciúma, em Santa Catarina, e o Bahia segurou o 1 a 1 no Terreirão do Galo.
Faltavam os jogos da noite, no Morumbi, entre São Paulo e Cruzeiro e Fortaleza e Athletico Paranaense.
Então, os tricolores fizeram valer, enfim, o jogar em casa.
O São Paulo vencia o Cruzeiro sem merecer quando os mineiros ficaram com dez jogadores e facilitaram a vitória paulista por 2 a 0.
E o Fortaleza, no bom gramado do Presidente Vargas, prevaleceu sobre o Furacão e o derrotou por 1 a 0.
O Brasileirão tem fome e não permite bobeadas.
Se o caminho da taça é longo o da queda é rápido.
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