Júlio César; Maicon, Lúcio, Luisão e Juan; Lucas (Júlio Baptista), Josué e Diego (Elano); Robinho, Luís Fabiano e Ronaldinho Gaúcho (Nilmar) foram os bravos jogadores que ficaram em terrível 0 a 0 com a Bolívia nas eliminatórias para a Copa do Mundo de 2010, na África do Sul.
O técnico era Dunga, que ouviu da torcida carioca coros de "fora Dunga", "burro", "time sem-vergonha" e até "olé" quando os bolivianos, com dez jogadores desde os cinco minutos do segundo tempo, tocavam bola.
Pouco mais de 31 mil torcedores saíram do estádio, que ainda não se chamava Nilton Santos, botando fogo pelas narinas.
Era o repeteco mais recente do que havia acontecido antes, no Morumbi, com mais de 90 mil torcedores, para as eliminatórias de 1986, quando Carlos, Edson, Oscar, Edinho e Júnior; Cerezo, Sócrates e Zico; Renato Gaúcho, Careca e Éder, sob o comando de Telê Santana, ficaram em irritante 1 a 1, primeiro empate com os bolivianos em território brasileiro.
Poucas vezes se ouviu tanta vaia no estádio do São Paulo ao fim do jogo.
Tudo isso para dizer que estreia da seleção, nas eliminatórias para a Copa de 2026, teve exatamente o resultado que se espera quando um time muito melhor enfrenta outro muito pior — e sem ter os 3.660 metros de altitude de La Paz como aliados.
Enfiar 5 a 1 e, cá entre nós, poderia ter sido, no mínimo, oito, nos bolivianos tem exatamente o significado de uma vitória fácil, goleada gostosa de se assistir e com atuações muito boas de Bruno Guimarães, Rodrygo, Neymar e Raphinha, principalmente.
Os 43 mil torcedores que foram ao Mangueirão certamente saíram muito satisfeitos.
De ruim apenas a atuação de Richarlison —e ele sabe disso a tal ponto de ter chorado ao ser substituído, tamanha a decepção. Também não é para fazer drama, mas com a volta de Vinícius Júnior, e com a bola que Rodrygo joga, ele que se dê por feliz caso arrume vaga entre os reservas.
É possível ver evolução em relação ao time de Tite depois da feliz estreia de Fernando Diniz?
Quem quiser dourar a pílula, verá.
Quem for prudente e realista se limitará a dizer que gostou, como provavelmente gostará da atuação contra o Peru, na terça-feira (12), outra seleção fraca, mesmo em casa, em Lima, embora com mais tradição que a boliviana.
Clara é a disposição do time em ser alegre e não parar de buscar gols mesmo com vitória assegurada.
Muita água haverá de passar e será de bom tom ficar com as chuteiras no chão, sem excessos.
O que não impede a manifestação alegria por ter visto a goleada do Mangueirão, em vez dos fiascos do Morumbi e do Engenhão.
MESSI ILUMINADO
Lionel Messi está vivendo lua de mel com o futebol.
Podem bater nele, segurar, nada o irrita.
Ele se levanta, dá passes mirabolante, faz gols de faltas com se as cobrasse com as mãos e parece jogar como se ainda comemorasse os títulos que lhe faltavam, o da Copa América e o tricampeonato mundial. Messi merece.
NEYMAR DE SEMPRE
Capaz de jogadas maravilhosas porque dono de raro talento, Neymar simulou ter sido agredido, perdeu pênalti, recebeu cartão amarelo por deixar o braço no rosto do rival, ia fazendo um gol de placa e marcou mais dois.
Não mudou nada, como ele mesmo disse em entrevista.
E superar os gols de Pelé só quando marcar o 96º, porque a FIFA e a história do futebol nem sempre andam juntas.
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