Fulano critica beltrano porque gostaria de ser beltrano.
Sicrano bate em fulano e em beltrano porque é sempre o terceiro da lista.
E quem se decepciona com os rumos profissionais escolhidos por Neymar, segundo os poucos neurônios de fulano, beltrano e sicrano, estaria com inveja do milhão de reais que ele receberá por dia só para jogar futebol —fora os mais dois milhões de reais por post que publicar sobre as maravilhas da Arábia Saudita.
Se a carreira dele como futebolista, que já vinha despencando não é de hoje, sofre queda evidente, não importa para quem só pensa em dinheiro.
Neymar é o maior desperdício de talento da história do futebol. Ponto.
O francês Kylian Mbappé recebeu proposta até maior que a aceita pelo brasileiro e recusou-a. Aos 24 anos, sete a menos que Neymar, ele pôs a carreira como jogador e as conquistas que vislumbra à frente da dinheirama, até porque, tão cedo como o ex-santista, já garantiu o futuro dele, dos eventuais filhos e netos, além de seus ascendentes e irmãos. E é campeão mundial pela França.
Cristiano Ronaldo tem sete anos a mais que Neymar, não foi nem será campeão mundial por Portugal, mas ganhou tudo o que um jogador pode ganhar, além de ter sido escolhido cinco vezes como número 1 do Planeta Bola —em 2008, 2013, 2014, 2016 e 2017. Convenhamos, a carreira do lusitano deixa a do brasileiro —que, além do mais, fracassou redondamente no PSG— no chinelo.
O CR7 escolheu fazer seu canto do cisne também na Arábia Saudita, embora seja outro que não precise; gosto estranho de quem prefere se divertir em país tão inóspito.
Lionel Messi, 36 anos, sete vezes melhor do mundo —em 2009, 2010, 2011, 2012, 2015, 2019 e 2021—, campeão mundial pela Argentina, campeão de tudo no Barcelona, igualmente não se deu bem em Paris. Mas escolheu encerrar a carreira nas praias de Miami, certamente uma cidade mais divertida que Riad, embora não seja páreo nem para Barcelona nem para Paris.
Constatações, meras constatações feitas por quem tem determinada visão de mundo e a publica por dever de ofício.
Inveja zero.
Quando Neymar diz que sempre sonhou em ser um "jogador global", esconde ter sido rejeitado por todos os clubes que buscou como saída honrosa do Paris Saint-Germain.
Porque global ele é desde que traiu o Santos para jogar no Barcelona, além de ter alcançado fama planetária ao disputar deitado a Copa do Mundo de 2018, na Rússia.
Acusar os críticos de terem inveja de Neymar só passa pela cabeça de quem imagina ser o vil metal capaz de comprar tudo, até a felicidade, coisa que os imprevistos da vida cansam de provar ser mentira.
Apontar frustração nas críticas, sim, aí faz sentido.
Quem viu Neymar surgir na Vila Belmiro, projetou poder desfrutar das diabruras de um novo fenômeno como raramente pôde ser visto pelos gramados do mundo. Em vão.
E com sua escolha preferencial pelo deslumbre, tudo indica que jamais o veremos no lugar mais alto do pódio como se projetou.
Direito dele? Opa, sem a menor dúvida!
Como é direito dos que se decepcionaram e têm espaço para manifestar a decepção torná-la pública e objeto de discussão.
De resto, que Neymar ao menos não se preste ao papel de ser garoto propaganda de ditador sanguinário, apesar de estar no pacote, até como prioridade, que o faça.
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