O 1 a 1 no Santiago Bernabéu não decidiu nada, deixou tudo para a quarta-feira (17), em Manchester.
Era para ser isso mesmo. O jogo do ano ter apenas 90 minutos seria pouco para nosso apetite.
Terá os esperados 180, e se Kevin De Bruyne e Vinícius Júnior, para citar só dois dos protagonistas da partida em Madri, repetirem o que fizeram no empate, estaremos saciados.
A tensão irradiada pelo gramado, televisionada para o mundo e socializada nas arquibancadas, já teria sido suficiente para fazer sensacional o clássico entre os times espanhol e inglês, disputado com a inteligência de enxadristas (o que é Gündogan?), a frieza de golfistas (o que é Modric?), a habilidade de bailarinos (o que é Vinicius Junior?) e a pontaria de atiradores de elite (o que é De Bruyne?).
Tudo isso diante de um paredão de cada lado, Courtois e Ederson, embora o 1,88m do brasileiro pareça pouco diante dos 2m do belga.
Poucas vezes o andamento de um jogo, dominado pelo City por 35 minutos, mostrou com tanta clareza que quem primeiro mexeria no placar seria o Real, fruto da magia de Vini.
Como, ao inverso, é comum ver o time que se aproximava de ampliar a vantagem sofrer o empate do único pé que poderia decretá-lo, e no único espaço em que a bola poderia entrar, como o gol de De Bruyne.
Tudo planejado?
Sim, tudo, até a página 3.
Porque se Ederson não estivesse com a visão encoberta talvez defendesse o tirambaço de Vini; porque se Bernardo Silva não salvasse uma bola perdida que sairia (aliás, não saiu mesmo?) pela lateral, em esforço gigantesco, De Bruyne deixaria de vencer o conterrâneo Courtois.
Nem Carlo Ancelotti nem Pep Guardiola podem planejar o que o acaso determina.
Só podem prever, e acreditem a rara leitora e o raro leitor, que os 90 minutos restantes serão ainda mais imperdíveis. Ou os 120, porque a prorrogação está no horizonte. Até mesmo pênaltis.
EM SAN SIRO
Milan e Inter passam longe da qualidade de Real e City.
Nem por isso fizeram do Dérbi de Milão espetáculo desprezível. Muito ao contrário.
Os dez primeiros minutos da Inter, quando fez 2 a 0, foram simplesmente fabulosos, e o primeiro tempo só não terminou 4 a 0 porque a trave e o VAR salvaram o Milan —a trave sem culpa, coitada; o VAR por ser intrometido, embora capaz de influenciar assoprador de apito sem personalidade.
Previsivelmente, o Milan voltou para o segundo tempo menos grogue, teve chances para diminuir o desastre, quase levou mais um gol —o que seria catastrófico— e saiu de San Siro respirando por aparelhos, mas vivo.
Seja como for, nem Inter nem Milan parecem poder fazer frente a Real e City.
Até a página 5.
CONSELHO À OPOSIÇÃO
Se a oposição tiver um mínimo de inteligência, deixará de convocar o ministro Flávio Dino para esclarecimentos no Congresso Nacional.
Com o que deixará de passar vergonha e ser humilhada com classe, graça, muita, e absoluto domínio dos nervos.
RITA LEE
Musa da Democracia Corinthiana, mais doce transgressora da história do Brasil, Rita Lee foi embora no dia em que Little Richards, em 2020, tomou o mesmo rumo, aos 87 anos.
Coincidência ou não, Rita Lee montou, em 1973, a banda Tutti-Frutti, título do rock que Little Richards fez o mundo cantar a partir de 1955.
Rita Lee provou todas as frutas para nos absolver, com sua alegria, de todos os pecados. Amém.
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