Acabou essa história de os Estados Unidos contarem com ouro na cesta do basquete.
A França derrotou os americanos no basquete, e muita gente se surpreendeu. Pois não devia.
Das Olimpíadas de Barcelona, em 1992, convencionou-se chamar de Dream Team todas as seleções dos EUA nos Jogos Olímpicos, mas, na verdade, time dos sonhos mesmo foi apenas o lendário primeiro, com Michael Jordan, Magic Johnson e Larry Bird, então os três melhores jogadores da NBA e, por isso, os três melhores do mundo.
Era a primeira participação de profissionais no torneio olímpico de basquete, e a soberania dos sobrinhos de Tio Sam vinha sendo posta em dúvida em função de resultados anteriores. Como se sabe, há três coisas que eles não suportam: hambúrguer frio, cerveja quente e perder no basquete.
Daí terem levado à Espanha o que havia de fato de melhor para ganhar todos os jogos ultrapassando os 100 pontos e sofrendo, no máximo, 85, da Croácia, na final, quando venceram por 32 pontos de diferença.
Daí para frente, embora sempre com belas equipes, nunca mais os EUA levaram o creme do creme, culminando com as derrotas para Porto Rico e Lituânia na fase de grupos em Atenas, em 2004, e a queda diante da Argentina nas semifinais.
Comandados por Manu Ginóbili, os argentinos ficaram com o ouro, e, pela primeira e única vez, o Dream Team menos Dream Team da história não voltou campeão para casa, mas com o bronze, tratado como desonra.
Porque, como no futebol, a globalização começava a equilibrar os jogos também de basquete, pois os melhores jogadores estrangeiros já povoavam a NBA, como o próprio Ginóbili, astro do San Antonio Spurs.
Pois bem.
LeBron James, Stephen Curry, Anthony Davis, Kawhi Leonard e James Harden, os melhores da atualidade, não estão na disputa da Tóquiovid-21, embora Kevin Durant e Damian Lillard estejam, assim como Khris Middleton e Jayson Tatum.
E têm pela frente, entre os franceses, por exemplo, Evan Fournier, do Boston Celtics, cestinha na vitória que surpreendeu a tantos, Rudy Gobert, do Utah Jazz, e Nicolas Batum, do Los Angeles Clippers.
Além de eventualmente ter de derrotar a Eslovênia do monstruoso Luka Doncic, do Dallas Mavericks, e dar graças por a Grécia, do MVP das finais da NBA, o gigante Giannis Antetokounmpo, do campeão Milwaukee Bucks, não estar no Japão.
Enfim, acabou essa história de contar com ouro na cesta do basquete, a menos que, outra vez, Tio Sam leve os melhores.
Samba do Skate
Durante décadas e décadas o samba foi tratado como coisa de malandro no Brasil. Ser preso por estar com um cavaquinho fazia parte da vida do sambista, muitas vezes negros libertados da escravidão, com dificuldade para achar trabalho e, por isso, tratados como vagabundos, quando apenas expressavam suas almas pela música.
Levou tempo para o samba virar marca registrada do país e produto de exportação, de reconhecimento pelo mundo da maravilhosa música brasileira.
Com o skate parece que acontecerá o mesmo.
Visto durante anos e anos como coisa de marginal, a ponto de ser proibido em São Paulo pelo prefeito Jânio Quadros (que até ameaçou prender os praticantes) e liberado em seguida pela prefeita Luiza Erundina, quando você imaginou que passaria a madrugada torcendo por um rapaz e uma menina skatistas?
Impossível olhar para a Fadinha sem imaginá-la fazendo a mágica da simpatia que tanta falta tem feito ao Brasil carrancudo, à imagem e semelhança do genocida.
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