A terça-feira (27) de Libertadores deixou felizes as torcidas do Flamengo, do Inter e do Palmeiras, e ainda desconfiada a do Galo, apesar de o time mineiro também ter vencido o América colombiano, mas só por 2 a 1, e com direito a sustos injustificáveis pelas circunstâncias.
Já rubro-negros, colorados e alviverdes andam com sorrisos escancarados nas faces.
Os primeiros por causa da goleada de 4 a 1 no chileno Unión La Calera.
Os segundos pelos 4 a 0 nos venezuelanos do Deportivo Táchira.
E os terceiros pelo massacre sobre os equatorianos do Independiente del Valle, por 5 a 0.
Se é fácil criticar a vitória no Mineirão pelo número de gols perdidos e pelas chances oferecidas ao adversário, será preciso usar a lupa detestada por Rogério Ceni para botar defeitos no triunfo no Maracanã.
O Flamengo fez 2 a 0, passou a só querer fazer gols lindos, subestimou o adversário, tomou o 1 a 2, passou por momentos de apreensão, fez o 3 a 1 e, então, com Pedro, marcou um quarto gol tão maravilhoso que se o estádio estivesse cheio era para a Nação sair, comprar novos ingressos e voltar.
A maneira como ele driblou dois zagueiros dentro da área e cavou sobre o goleiro teria a assinatura de qualquer grande atacante da história do futebol. Diante de tamanha obra-prima, os pecados devem ser esquecidos.
O Inter vinha de mau resultado na altitude de La Paz e se reabilitou com brilho no Beira-Rio, contra um oponente frágil, é fato, mas com atuação convincente.
Que torcedor, afinal, vai querer mais de seu time depois de um 4 a 0?
Sim, a rara leitora e o raro leitor sabem a resposta, por ser tema recorrente neste pedaço.
O palmeirense sempre acha do que falar mal.
Com 20 minutos ganhava de 2 a 0, “graças às falhas na interceptação e na saída de bolas dos equatorianos”, minimiza o corneteiro, incapaz de perceber que os enganos aconteceram porque os atacantes forçaram os erros, assim como no terceiro gol.
O rabugento ainda acrescenta que “no começo do segundo tempo se não fosse pelas defesas de Weverton a coisa poderia se complicar”, esquecido de que o goleiro é pago para defender, está lá para isso e não é por outro motivo que lá está, número 1 do campeão continental.
Curiosamente, o quarto e o quinto gols, frutos de jogadas articuladas pelo time, são tratados como menos importantes pois, afinal, “já estava 3 a 0, os caras estavam mortos depois de terem ficado quase 70% do tempo com a bola”.
Mais difícil só tentar convencer o terraplanista da redondeza da Terra.
Incrível como o grau de exigência do torcedor supera o do cidadão no Brasil, capaz de não se escandalizar quando o ministro da Fazenda critica, aos 71, quem vive demais, ou o ocupante do Palácio do Planalto diz que... bem, diz qualquer coisa, sempre que abre a boca como se abrisse a tampa do vaso.
Nesta quinta-feira (29) quem joga em casa é o São Paulo, contra o uruguaio Rentistas, e não será exagero esperar nova categórica vitória brasileira para fechar a semana com 100% no papel de mandantes.
Se o time de Hernán Crespo mostrar a qualidade que os de Abel Ferreira, Miguel Ángel Ramírez e Rogério Ceni foram capazes de jogar, fecharemos a semana em grande estilo.
Muito bom que façamos de nossas casas lugares de excelência.
Melhor ainda será nunca mais errar tanto hora de votar.
15 a 2 não é 17.
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